Folha de S Paulo
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
Imagens das câmeras de segurança de um depósito para materiais de construção colocaram em dúvida a atuação de oito policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tida como a tropa de elite da PM paulista, e foram usadas na revogação da prisão de quatro suspeitos de tráfico de drogas.
Os PMs foram filmados ao misturar num tambor um pó branco que disseram ser cocaína. Com base nas imagens, a Corregedoria da PM investiga a quantidade de droga apresentada pelos homens da Rota à Polícia Civil, se eles pegaram ou não parte do pó branco e também o grau de pureza do material.
Dos 19 PMs que estiveram na depósito, 3 são oficiais. Oito foram filmados ao misturar o pó branco no tambor. Eles dizem que o pó eram 17,5 kg de cocaína.
Pela lei, os PMs deviam ter preservado o local e a maneira como o pó branco foi encontrado. Para a Justiça, as imagens deixaram dúvida sobre a “materialidade” do crime de tráfico de drogas imputado aos quatro acusados pelos policiais da Rota.
Os PMs disseram à Polícia Civil ter apreendido o pó branco em uma mala que seria dos quatro acusados por eles de tráfico de drogas.
Os outros 11 PMs são investigados por acobertar os demais na operação de 20 de outubro de 2009, no Parque Santa Madalena (zona leste).
Em maio de 2010, o Tribunal de Justiça enviou as imagens para o secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, para que ele tomasse providências.
Os PMs gravados ao misturar o pó branco são o segundo-tenente Phelipe Barreto Regonato, o subtenente Sérgio Antonio Soares Santana, o cabo Andrews da Silva e os soldados José Bezerra Leite, Elenilton Alves Gomes, Aleixo Romano Cesário, Silvio Leal Carvalho e André Luiz de Oliveira Júnior.
A Folha tentou falar com os PMs e com o comandante-geral, coronel Álvaro Batista Camilo, mas ninguém quis comentar o caso. A corporação também se recusou a informar se eles foram afastados das ruas.
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