Abrace o Guaíba, para além de uma falsa consulta popular

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Convidamos todos para neste domingo (23 de agosto) ABRAÇAR O GUAÍBA, às 15 horas, próximo ao Gasômetro, num ato simbólico contra a especulação imobiliária na orla do rio e contra a farsa da consulta popular que acontecerá no mesmo dia.
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A consulta popular foi encomendada pela "bancada do concreto" da Câmara Municipal e pelo prefeito Fogaça, em nome de uma hipocrisia democrática que disfarça os verdadeiros rumos de privatização do patrimônio público. Não aceite a despredação do meio ambiente e a ganância dos interesses empresariais. O pôr-do-sol é de todos os porto-alegrenses!
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Entenda mais sobre a farsa da consulta popular:

"Foi a vitória da bancada do concreto e de mais dez ou quinze pessoas endinheiradas. A bancada imobiliária da Câmara Municipal de Porto Alegre finalmente aprovou a farsa da Consulta Popular. Objeto da Consulta: caberá ao cidadão/cidadã responder se aprova ou desaprova que as imensas torres que serão erguidas na Ponta do Melo – estas já estão absolutamente garantidas – tenham apartamentos residenciais ou somente salas comerciais. Ponto.

Não é um deboche? Tudo já está decidido, repito, pela bancada do concreto, e agora nos chamam para opinar se sobre o bolo pronto e acabado vai uma cereja ou um pequeno arranjo com fios de ovos.

Essa é a democracia representativa que temos e sofremos em Porto Alegre. Anotem: a orla do Guaíba, que tem cerca de 72 quilômetros, será toda fatiada e rifada assim, na bacia das almas, para os especuladores e investidores imobiliários daqui e d’alhures. Eles agora tomaram gosto, e querem mais, muito mais.

A notícia de que Porto Alegre é um hímen complacente com a bandalheira imobiliária já correu mundo. Virão investidores de todo o planeta fazer torres e mais torres dividindo a cidade do ecossistema Guaíba. Eles estão em festa, seguros e serenos de que não terão mais obstáculos para assaltar a orla e tornar seus interesses legais e legitimados por mecanismos “democráticos” do tipo Consulta Popular e outras embromações risíveis.

Foi de fato uma grande vitória do interesse e da ganância de dez, quinze, trinta pessoas endinheiradas, em detrimento de um milhão e trezentos mil porto-alegrenses.

Viva o Plano Diretor de Porto Alegre - o mais ignorado do País!
Viva Porto Alegre – a cidade mais politizada do Brasil!"

(Texto de Cristóvão Feil, sociólogo e autor do blog http://www.diariogauche.blogspot.com/)


Piada de mau gosto
A consulta popular do Fogaça é uma piada. Vejam só:

“Além de atividade comercial já autorizada pela lei complementar n. 470, de 2/01/2002, devem também ser permitidas edificações destinadas à atividade residencial na área da orla do Guaíba onde se localiza o antigo Estaleiro Só?”

A pergunta não se refere à ocupação da orla por construções, mas apenas ao uso que será feito de ocupações previamente autorizadas na orla. Em quê, o quê muda o quê?

Os defensores da participação na consulta admitem que não muda grande coisa, mas que, DEPOIS se fará um outro movimento (uma outra consulta?) contra os prédios comerciais. Então, por que não se fazer um só movimento, unificado, contra todas as construções na orla? Por que dividi-lo em etapas?

- etapa um – não queremos residências
- etapa dois – não queremos estabelecimentos comerciais
- etapa três – não queremos prédios-garagem
- etapa quatro – não queremos gabinete de governador ou governadora…
- etapa cinco…

Piada, não é mesmo? Qualquer que seja o resultado da consulta, que apoiará inevitavelmente os estabelecimentos comerciais, queira-se ou não, porque só é feita uma pergunta malandrinha, – como explicar e justificar a expulsão dos comerciantes das praias da Zona Sul, que tantas matérias forneceram aos jornais, e até uma briga pessoal com o ex-secretário de Meio Ambiente?

Com que cara ficará a população de Porto Alegre, que combateu e pediu a eliminação do comércio de praia, se votar aceitando o comércio na Ponta do Mello? Para piorar, nunca houve uma iniciativa “democrática” tão anti-democrática como essa. Não prevê universalidade. Pior, não permite a universalidade.

Se todos os eleitores de Porto Alegre (mais de um milhão) resolverem dar uma forcinha política para o prefeito Fogaça, não poderão fazer isso! Não estão previstos esses um milhão de eleitores. Não terão locais de votação, não terão urnas, não terão mesários para atendê-los. São menos de 90 urnas, ao invés das mais de duas mil usadas nas últimas eleições.

Só uma minoria insignificante dos portoalegrenses terão a possibilidade física de votar na Consulta Popular, que se mostra, pelo contrário, muito Elitista e Excludente. Elitista e excludente tanto no conteúdo, que não permite alternativa à construção de prédios e sempre aprovará a construção na orla, tanto pelo SIM como pelo NÃO; e elitista e excludente materialmente, recusando o acesso à votação à imensa maioria dos cidadãos.

Não perca tempo com essa farsa babaca."

(Texto da jornalista Tania Faillace, extraído de www.abraceoguaiba.wordpress.com/)

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