E assim a UNE vai…

 
      
           ————–>


Instituição autônoma, que historicamente sempre esteve na linha de frente em defesa dos direitos e garantias individuais, da legalidade, da ordem jurídica e contra toda forma de alienação na vida administrativa e política do País, a União Nacional dos Estudantes, de certo período para cá, mudou radicalmente. Na verdade, já foi o tempo em que, com plena razão, a UNE se mobilizava País afora contra o autoritarismo, notadamente nos governos militares pós-64; condenava a censura à imprensa, gritava contra o descaso do ensino público, a começar pelo abandono das universidades. Na sequência de sua aguerrida luta de outrora, clamava por reformas estruturais no plano social, econômico-financeiro, político e eleitoral. Como se recorda, a UNE foi uma gigante na batalha contra a corrupção e corruptores. Que o diga a intensa mobilização dos “caras-pintadas”, que resultou no impeachment do então presidente Fernando Collor. O dirigente da entidade era o estudante Lindberg Farias (gestão 1991 /1992), o qual mais tarde tornou-se prefeito de Nova Iguaçu (Estado do Rio) pela sigla do Partido dos Trabalhadores. A UNE saía às ruas para clamar ações dos governos contra o menosprezo dos direitos sociais e humanos: educação, saúde, trabalho, segurança, previdência, salários e outras necessidades vitais da população. Todavia, a partir do atual governo, a UNE emudeceu diante de uma série de problemas nacionais. Entre os descalabros dominantes, a UNE nada fez para expurgar candidatos implicados na Justiça.Após a formação da frente popular PT-PCdoB e outros partidos burgueses, no Congresso 1989, o conjunto da esquerda que se encontrava na direção da UNE, com exceção da AJR, entrega a diretoria da entidade de volta para o PCdoB através da manobra de constituição de uma diretoria proporcional.
Em 1992 depois da campanha pelo Fora Collor, em que os estudantes se mobilizaram e derrubaram o presidente, a direção da UNE faz um acordo com a burguesia para apoiar o governo Itamar Franco, vice de Collor, através do seu presidente Lindbergh Farias que, juntamente com a direção do PT e da CUT, traem vergonhosamente a luta das diretas em favor dos grandes capitalistas. Em troca, o governo e a burguesia em geral garantiram à burocracia estudantil o monopólio da emissão das carteirinhas de meia-entrada. A partir disso, ficou institucionalizado o recebimento de milhões do governo pela UNE, fortalecendo um mecanismo de contenção das lutas dos estudantes através da corrupção de suas direções. Através deste esquema de corrupção, o movimento estudantil entra em um longo período de paralisia e os laços entre a direção da entidade estreitam-se cada vez mais com os sucessivos governos burgueses.
Em 2007, a mobilização dos estudantes, iniciada com a ocupação da reitoria da USP, da UFRGS, que se espalhou por mais de dez estados, uma mobilização histórica pela autonomia universitária e contra a destruição do ensino público, foi um movimento que passou totalmente por fora da UNE.
Portanto, apenas expulsando a UJS da direção da UNE e construindo uma nova direção para o movimento estudantil a partir das bases é que será possível para os estudantes retomar suas entidades e torná-las novamente um instrumento de luta e de organização nacional dos estudantes.
Somente com a derrota da burocracia e sob controle das bases estudantis, a UNE e as demais entidades serão reconstruídas para a luta e para a vitória do movimento estudantil contra o governo e a burguesia pela aliança operário-estudantil, pela autonomia universitária e maioria estudantil, pelo governo operário e pelo socialismo.
  
Bruna Zanardo
Estudante de Relações Publicas – UFRGS

0 comentário(s):

Postar um comentário

Deixe sua sugestão, crítica ou saudação juntamente com seu contato.

 

© 2009-2012 movimento contestação