Wikileaks: operação revanche


Grupo de voluntários e hackers atacou sites que, até agora, empreenderam ações que afetaram de algum modo as operações do Wikileaks

10/12/2010
Silvio González
Prensa Latina

Centenas de voluntários e "hackers" favoráveis à pirataria na Internet realizam ataques cibernéticos em massa em apoio a Julian Assange, fundador do WikiLeaks, preso atualmente Londres.

Este grupo, que se autodenomina "Anônimos", atacou os servidores das empresas transnacionais de cartões de crédito MasterCard e Visa, bem como a página na Internet da ex-candidata republicana extremista à vice-presidência Sarah Palin.

Antes o grupo havia atacado a Igreja da Cientologia e a vários sites da indústria fonográfica, segundo o jornal The New York Times.

Os sites atacados até agora, em todos os casos, empreenderam ações que afetaram de algum modo as operações do WikiLeaks.

Os portais do promotor sueco que conduz o caso de Assange e do advogado que defende as duas mulheres que acusam o australiano também foram desativados ao mesmo tempo que o do senador estadunidense Joe Lieberman, que é um recalcitrante inimigo do WikiLeaks.

O grupo Anônimos também criou centenas de sites espelhos para que o WikiLeaks possa continuar revelando documentos secretos sem ser tirado do ar por seus atuais inimigos.

A Operação Revanche é composta por milhares de usuários que se oferecem voluntariamente para integrar uma rede clandestina controlada remotamente, denominada "botnet".

E através desta rede, os hackers conseguem inabilitar servidores em diferentes países com total impunidade, segundo o site The poet bench.com.

Outros portais que sofreram ataques foram:o site de pagamentos PayPal, o de venda de livros pela Internet "Amazon", o de um banco suíço, bem como o principal portal do governo sueco, segundo a mesma fonte.

Os ataques dos piratas rebeldes do ciberespaço afetaram seriamente todas as compras de Natal em diversos países e desataram uma onda de pânico entre diversos setores da vida política, comercial e militar, assegura a lista de e-mails actionla@lists.riseup.net.

O vírus da liberdade da Internet

Os voluntários oferecem um software que pode ser baixado por cada computador. Este software provoca o envio de mensagens simultâneas que literalmente fazem com que os servidores colapsem durante um tempo.

No caso de as autoridades policiais revistarem os computadores dos simpatizantes do Wikileaks, eles podem alegar que foram infectados por um vírus de computador de maneira casual e não podem ser penalizados legalmente por seus ataques.

A ferramenta cibernética que utilizam anuncia, uma vez que é instalada, que "agora devem se sentar comodamente e olhar o show dos efeitos que vai provocar". As possibilidades de que alguém seja preso por tê-la instalado são nulas até agora, publica a lista de e-mails austinagainstwar@yahoogroups.com.

Muitos usuários opinam que o próximo site que eventualmente será atacado é o Twitter, já que fechou unilateralmente a conta do grupo "Anônimos", denominada "Operação Anon".

Um dos representantes dos hackers, que utilizava o pseudônimo de "Sangue Frio", ou "Coldblood" em inglês, se identificou ante os meios de imprensa como um programador de 22 anos que trabalha em Londres.

Ele assegurou que "todos os portais que se submeterem às pressões desatadas pelos Estados Unidos serão alvos dos próximos ataques no ciberespaço".

O jovem disse que o WikiLeaks é mais que um site que revela documentos e denúncias, mas que também é um novo campo de batalha onde o povo pode enfrentar seus governantes.

Em um comunicado que apareceu no Twitter, o grupo "Anônimos" colocou a seguinte mensagem:

"Olá mundo, nós somos um grupo que opera no anonimato e o que saibam ou ignorem sobre nós agora é irrelevante".

“Queremos contatar a todos, aos meios de imprensa para que conheçam nossa mensagem, intenções e alvos futuros nesta campanha pacífica pela liberdade de expressão”.

“Que a internet seja para os jornalistas honestos e os cidadãos de qualquer país independentemente do que pensem ou digam”.

“Este grupo luta por vocês e a Internet é o último bastião da liberdade neste mundo em acelerado desenvolvimento tecnológico onde todos podemos nos unir e sermos fortes”.

"Por isso querem eliminar o Wikileaks e temem nosso poder quando nos unirmos. Não somos uma organização que quer fazer justiça com suas próprias mãos, nem somos terroristas. Nunca esqueçam isto", pontualizou o grupo Anônimos.

Uma acusação risível

Assange não foi formalmente acusado de nenhum delito, mas está sendo solicitado pela INTERPOL por ter supostamente mantido relações sexuais com duas mulheres de passado duvidoso, que estão vinculadas, segundo diversos meios de imprensa, aos serviços especiais estadunidenses.

Ele continua declarando-se inocente e qualificou que este caso é como uma caçada às bruxas que se intensificou desde que o WikiLeaks divulgou internacionalmente milhares dos mais sensíveis telegramas diplomáticos secretos do governo dos Estados Unidos.

Um dos advogados da equipe de defesa de Assange, Mark Stephens, disse segundo a rede Democracy Now: "O juiz do caso não viu nenhuma evidência contra meu cliente e se aprovou uma ordem de captura somente por supostamente praticar sexo sem proteção entre adultos, o que é um deboche ao sistema judicial sueco e a toda a comunidade internacional".

Stephens expressou que: "Nestas circunstâncias, acho que veremos outra nova solicitação de fiança para meu cliente e isso será somente a ponta do iceberg do conjunto de ações internacionais que planejamos executar nos próximos dias" .

O advogado também assegurou: "Isto vai generalizar-se muito cedo, muitas pessoas vão se apresentar para servir de testemunhas ao senhor Assange. Há muitos que estão convencidos de que ele é inocente e a maioria pensa que esta acusação se deve a uma manobra por motivos notadamente políticos".

O The New York Times informou que o Departamento de Justiça investiga diferentes variantes para acusar Assange, não só com a Lei de Espionagem, mas também por conspiração e tráfico de documentos secretos furtados.

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