A diferença entre o Prefeito e o Fortunati


Eu acredito que determinadas funções administrativas possuem um caráter de vacuidade, de vazio. Alguém que realiza a tarefa de administrar um grupo de pessoas, de direcioná-las, deve ter um comportamento adequado ao posto. Nesta situação, o mais importante não são as opiniões pessoais de quem faz a ação, mas sim a função do cargo que o indivíduo está desempenhando. Obviamente algumas opiniões e preferências se sobresairão, pois estamos falando de indivíduos fazendo algo, mas o cargo, em si, possui uma função (ou deveria possuir) a ser executada indiferente de quem esteja lá para fazê-la.
Entretanto, infelizmente nem todos líderes tem essa noção, de que a vida pessoal deve ocupar o mínimo possível o cargo público que ocupam.
Neste sábado, dia primeiro, houve em Porto Alegre a marcha para Jesus, uma atividade proposta e realizada pelo Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos de Porto Alegre (Cimepa). Lá estava José Fortunati, o prefeito.
Não há problema algum o cidadão José Fortunati participar da marcha, se ele possui qualquer espécie de religiosidade. O grande problema que temos é quando misturam-se o cidadão José Fortunati ao prefeito de Porto Alegre José Fortunati.
Durante o evento, Fortunati (o prefeito infectado pelo cidadão que não deveria se interpor ao prefeito) entrega as chaves da cidade aos evangélicos, fazendo afirmações do tipo "O senhor Jesus está no comando desta cidade".
Deveria lembrar-se o prefeito José Fortunati que o Estado brasileiro é laico, portanto, não há e não deve haver senhor Jesus ou qualquer outro referente à religião governando qualquer cidade do Brasil.
Acredito que deve haver aí muito de manobra política, afinal, cada vez mais a bancada evangélica tem se tornado um núcleo de poder dentro da política brasileira. Mas, indiferente a isso, alianças e quaisquer outras atividades políticas não deveriam ser contrárias ao que consta na constituição em vigor, principalmente em seus preceitos básicos. Todo ato que contrarie a constituição deve partir de um anseio popular, analisado com todo cuidado, o que com certeza não foi o caso presente.
Então acredito que faltam duas coisas ao prefeito Fortunati: não deixar-se contaminar pelo cidadão Fortunati e cuidar bastante como realiza alianças e manobras políticas, pois a função final dele, como prefeito, é unicamente representar-nos dentro do governo, sem distinções.
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Vicente
Estudante de Letras/UFRGS
Movimento Contestação

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