Sensacionalismo sujo ataca estudantes na USP e na UFRGS

O pior jornalismo de um dos piores jornalismos do planeta. Essa parece ser uma definição precisa para alguns programas que têm invadido cada vez com mais força as grades de programação da televisão brasileira. José Luiz Datena vem sendo, nos últimos anos, a principal cara desse tipo de agressão à inteligência do telespectador, mas algumas cópias mal acabadas vem surgindo. Dois bons (maus) exemplos são Luciano Facioli e Alexandre Mota. O primeiro chegou a apresentar o Brasil Urgente no lugar de Datena, mas tão logo este voltou para a Band Facioli foi rebaixado de volta ao Primeiro Jornal. O segundo é uma cópia ainda mais mal acabada, e apresenta o Brasil Urgente RS.
É normal que em um país do tamanho do Brasil, e com a trajetória político que temos em nosso país, haja uma boa quantidade de pessoas reacionárias, agressivas, fascistas ou quase isso. O que não pode acontecer é que essas pessoas tenham espaço para vomitar seus ódios na televisão, um espaço essencialmente público, ocupado por emissoras privadas através de concessões estatais.
Essa semana, falando da ocupação da USP, Facioli chamou os estudantes de “vagabundos”, “vagabundas”, “dementes”, “doentes” e “cafajestes”. Destacou ainda serem esses estudantes filhos de pais ricos, como se isso tirasse a legitimidade da revolta contra a truculenta presença da Polícia Militar no Campus da Universidade. O apresentador esqueceu de mencionar que recebe R$ 250 mil mensais para ser o rosto do mais agressivo conservadorismo brasileiro. Para mostrar como está a serviço do jornalismo e da sociedade, Facioli impediu que a repórter presente no local ouvisse os manifestantes. Quando ela se aproximou de um grupo deles, o apresentador a proibiu: “não vale a pena ouvir, prefiro botar um cachorro pra latir do que ouvir esse pessoal”.
Alexandre Mota, como Facioli, é um rascunho amassado de Datena, e como tal se comporta. Diariamente urra bravatas em defesa da violência contra quem comete qualquer tipo de crime, se dizendo ao lado do trabalhador quando, na verdade, está contra ele, trabalhando pela alienação e pela criação do ódio entre quem padece dos mesmos males. Da mesma forma age em relação aos estudantes.
Vivemos, na UFRGS, uma semana de eleições para o Diretório Central de Estudantes (DCE). A Chapa 2 – DCE Livre, ligada ao PP e a outros movimentos de direita, foi gestão no ano de 2009, e marcou a primeira passagem da direita pelo DCE da UFRGS com a inatividade do Movimento Estudantil e várias denúncias de corrupção. Agora, em uma eleição com cinco chapas, novamente o mesmo grupo político tentou atacar o direito dos estudantes de escolherem seus representantes. Na tarde desta quinta-feira, segundo relato da mesária, um integrante da Chapa 2 tentou roubar as atas de votação. Outra estudante conta que uma integrante da mesma chapa tentou tirar a urna da tomada.
Na terça-feira foi instalada uma segunda urna na Faculdade de Veterinária, o que é irregular. Duas integrantes da Comissão Eleitoral foram ao local para regularizar a situação e foram hostilizadas, ameaçadas e expulsas por integrantes da Chapa 2 e seus apoiadores – em maioria no curso. O Brasil Urgente RS, comandado por Alexandre Mota e com “reportagem” de Kellen Caldas, disse que o que aconteceu foi uma tentativa da Chapa 1 (situação) de impedir as eleições. Mostraram total desinformação sobre o processo, não fizeram sequer um rascunho de trabalho jornalístico, e destilaram seu ódio contra o movimento estudantil, certamente encaminhados pelas mesmas fontes que abastecem espaços como o blog de Políbio Braga.
Como temos demonstrado essa semana na cobertura das manifestações da USP, e em muitos outros posts a respeito de diversas mobilizações da juventude, a velha mídia treme perante a rebeldia dos jovens. Não quer a indignação, trabalha bravamente pela alienação e pela acomodação. A televisão, em especial, é um espaço público, apenas concedido a empresas privadas, não de propriedade delas. A desregulamentação e a conivência governamental, que entrega um bem público a meia dúzia de famílias, permitem que discursos que flertam com o fascismo e estimulam o ódio e a violência sejam veiculados diariamente em programas respaldados por emissoras como a Band e a Record.

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