Chile: Estudantes voltam a serem reprimidos e já somam 527 presos

040811_carabinero1Cubadebate - [Tradução de Diário Liberdade] Foram retomados nesta tarde no Chile os incidentes entre a polícia e estudantes que reclamam contra o sistema educativo, em uma jornada que acumula 527 detidos e vários feridos.

Segundo publica La Tercera, os choques se reavivaram na tarde desta quinta-feira, em meio a um protesto que os estudantes convocaram para as 18h30, contra o sistema educativo.
Minutos antes do começo da mobilização, os agentes começaram a reprimir os estudantes utilizando carros hidrantes.
Segundo confirmou o subsecretário do Interior, Rodrigo Ubilla, os incidentes se desenvolveram em 12 cidades ao longo de toda a jornada, e a maior parte das detenções se produziram em Santiago, totalizando ali 197 prisões.
Prazo
A Confederação de Estudantes do Chile (Confech) deu hoje um prazo máximo ao Governo de seis dias para responder as demandas estudantis.
Incidentes
Esta manhã, a polícia chilena reprimiu com jatos d’água e gases lacrimogêneos os estudantes que tentavam marchar pela principal Avenida de Santiago, nas imediações do governo, que proibiu o protesto.
“Isto parece um estado de sítio, imagino que tenha sido assim 30 anos atrás no Chile (durante a ditadura militar)... Nem sequer está sendo assegurado o direito à reunião nos espaços públicos”, disse aos jornalistas a porta-voz dos universitários, Camila Vallejos.
Medidas de protestos
Os alunos secundaristas e universitários mantêm a mais de dois meses uma mobilização que inclui ocupações de escolas, paralisações, greves de fome e marchas demandando mudanças profundas no desigual sistema de ensino do país.
O governo entregou na segunda-feira um pacote de 21 medidas para melhorar a educação. Os estudantes, que devem responder a proposta na sexta-feira, adiantaram que será rechaçada.
“No momento as assembleias já rechaçaram a proposta do ministro (de Educação, Felipe) Bulnes”, disse Vallejos.
As marchas de secundaristas pela manhã e universitários pela tarde foram convocadas antes do governo entregar seu plano.
“Tudo tem seu limite”, disse ontem o presidente Sebastián Piñera, enquanto seu ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, agregou que “o tempo das marchas acabou”. Cerca de 1.300 policiais bloqueiam a passagem ao palácio presidencial, onde as marchas pretendem ser concluídas.
Ainda sem permissão, centenas de jovens tentaram se reunir na Praça Itália, um lugar de reuniões central, cujo perímetro estava cercado. Outras centenas se reuniram em outros pontos da cidade. Todos foram reprimidos.
Em alguns setores do centro da cidade o ar era irrespirável, várias estações do metrô estavam fechadas e o transporte público sofria cortes temporários.
“Estão utilizando gases que não havíamos visto em outras manifestações... Acredito que o governo cometeu um grave erro, quer ofuscar, invisibilizar a manifestação. Com isto a gente vai seguir com mais força se manifestando porque há um grande descontentamento”, enfatizou Vallejos.
Nos últimos meses a popularidade de Piñera, que assumiu a presidência em março de 2010, chegou ao seu menor nível. Uma enquete do Centro de Estudos Públicos difundiu nesta quinta-feira que só 26% apoiam sua gestão.
Pedidos
Estudantes e professores reclamam uma educação melhor, um maior investimento estatal, o fim do lucro no setor e que os colégios secundários deixem de depender das municipalidades, como é desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
O governo propôs repassar gradualmente a administração dos colégios municipais aos organismos públicos para definir, melhorar a deficiente preparação dos professores, aumentar as bolsas de estudos universitárias e reprogramar os devedores morosos.
Mas o tema do lucro, o mais importante para os universitários, não foi abordado de modo direto. Os jovens exigem que as universidades privadas reinvistam e não retirem suas utilidades. A lei que as criou em 1981 diz que são entidades sem fins lucrativos.
Ainda se a proposta for rechaçada, o porta-voz oficial, ministro Andrés Chadwick, disse que o governo seguirá “os caminhos institucionais”, o que significa que enviará os projetos ao congresso. O oficialismo possui uma leve maioria na Câmara de Deputados enquanto o Senado está controlado pela oposição de centro-esquerda.
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(Retirado de de La Voz, Argentina)
Traduzido para Diário Liberdade por Lucas Morais


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