Tropa de Elite 2 e a mídia

22 outubro 2010

O filme Tropa de Elite 2, de José Padilha, vem batendo todos os recordes do cinema brasileiro. E não é por acaso. Além de toda a publicidade, Tropa 2 é um grande filme, um filme maduro politicamente como poucas vezes (ou nenhuma) se viu na história do Brasil. Mas este não é um blog de cinema, é um blog de análise e crítica de mídia, e é nesse ponto de Tropa 2 que este post pretende manter o foco.

“O sistema é comandado pela política, e a política só respeita a mídia”. Essa é uma fala do personagem de Wagner Moura, o Coronel Nascimento, no momento em que ele percebe que a violência não é apenas uma questão de polícia, mas também uma questão de política. E percebe, nesse caminho, a influência que tem a mídia no fazer diário da política.

Amplamente divulgado pela mídia brasileira, em todas as suas esferas, o grande filme nacional da década não conseguiu, ainda, suscitar a questão fundamental que coloca: a crítica ao sistema. A telinha não repercute a telona com honestidade, fecha os olhos para a crítica à mídia e ao sistema político, disfarçando esse questionamento sob um manto de crítica aos políticos, que existe, mas de forma secundária. A crítica real de Tropa de Elite 2 é à dinâmica política, que inclui a mídia e as grandes corporações.

A mídia brasileira tem falado muito desse filme, mas tem esquecido de comentar essa parte. Deixa-se claro que a luta de Nascimento se transfere das ruas para os gabinetes, mas coloca-se essa luta como um embate contra os políticos, ainda que a voz de Nascimento, que em off narra o filme, fale repetidas vezes no “sistema”. A mídia brasileira tem usado Tropa 2 para reforçar sua tese de que os políticos são todos corruptos. Não é isso o que o filme diz. Ele diz que o sistema é corrupto, e isso inclui a mídia.

Postado por Alexandre Haubrich

Fonte: http://jornalismob.wordpress.com/2010/10/22/tropa-de-elite-2-e-a-midia/

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