Blogagem Coletiva pela Descriminalização e Legalização do Aborto

             

O dia 28 de setembro é um dia de luta para as feministas da América latina e no Caribe. É o dia em que reivindicamos a descriminalização do corpo da mulher, a descriminalização do aborto. Estamos comemorando juntamente com o Uruguai, após uma luta incessante foi aprovado o projeto de lei que descriminaliza o aborto. Esse é um passo muito importante para os países latino americanos, além de ser uma grande vitória, poderemos acompanhar de perto todo o processo que acontecerá no Uruguai.
Manifestantes protestam contra as condições impostas no projeto de lei.
A luta no Brasil pela descriminalização do aborto é um trabalho extremamente importante, a bancada cristã insiste em barrar qualquer projeto sobre o aborto e ainda sugerem uma possível bolsa-estupro para que as mulheres não abortem mesmo em caso de estupro. Podemos perceber a grande onda para barrar o aborto no discurso dos candidatos a vereador e prefeito esse ano, onde a maioria se coloca como “pró-vida” para ganhar os votos dos eleitores.
Por isso, convocamos mais uma vez a blogagem coletiva da descriminalização e legalização do aborto. Temos que continuar com a mesma força de sempre para que o corpo da mulher não seja mais criminalizado. Hoje terá twittaço, vamos usar as hashtags #VidadasMulheres #legalizaroaborto.
A Elisa Gargiulo fez um rap feminista com a MC Luana Hansen especialmente pra data de hoje: ”28 de setembro não é só mais um, é dia de luta não é um dia comum!”
http://www.youtube.com/watch?v=UWe4d_5FQjg
Segue os posts da blogagem coletiva:
Aborto – porque sou favorável à sua legalização - por Asa Heuser
Então, nunca fiz, e também nunca aconselhei, nem incentivei ninguém a fazer um aborto, MAS, sou totalmente favorável à legalização total do aborto até 12 a 13 semanas de gestação (aproximadamente 3 meses). Os meus motivos para considerar que isso é válido é que até então o feto ainda não possui sistema nervoso central formado, não sente dor, nem tem consciência de nada. Ainda não é uma pessoa, com uma história de vida e desejos, ao contrário da mulher, cuja vida será radicalmente transformada ao levar a gravidez adiante e ter um filho, por quem será responsável pelo menos por uns 20 anos, provavelmente mais. Essa não é uma decisão a ser tomada levianamente; um filho é uma enorme responsabilidade e é absurdo impor isso a uma mulher como se fosse um castigo (argumento extremamente comum por parte dos homens que vejo opinar sobre o assunto; muito fácil, já que não é “no deles” que arde).
eu aborto, tu abortas, somos todas clandestinas - por Nina Caetano
Finalmente, os medicamentos chegaram no último minuto do segundo tempo e realizei o aborto: este foi fisicamente muito tranquilo. Ou seja, se houvesse descriminalização do aborto, o processo seria bastante simples: sem medo, sem culpa e sem risco. Não para mim. Mas para as milhares de mulheres que engravidam sem querer e que não têm condições ou não querem levar a gravidez a termo. Está na hora de acabar com essa hipocrisia social: os abortos acontecem, independente da ilegalidade. Esta só favorece a exploração da situação de desespero em que as mulheres se encontram. Só favorece o mercado negro dos medicamentos. Só favorece o risco e a morte de milhares de mulheres, todos os anos.
Viva o Uruguai! - por Geisa Mueler
Bradamos estatísticas que comprovam os maus-tratos e a omissão em relação à integridade física e psicológica das mulheres. Estes dados não lhe preocupam enquanto você está cumprindo o programa de bom comportamento, confortavelmente instalado na poltrona que o sistema lhe vendeu:
o aborto está entre as 5 principais causas de mortes de mulheres no Brasil;
200 mil mulheres morrem por ano por causa de abortos inseguros;
mais de 1/5 das mulheres do país fazem pelo menos um aborto até o fim da vida reprodutiva;
2% das mulheres entre 35 e 39 anos já induziram aborto em algum momento da vida.
Blogagem Coletiva: Legalização do Aborto - por Alex Rodrigues
Mas ainda é pouco. A mulher ainda não tem autonomia total para tomar decisões que dizem respeito ao seu próprio corpo. Todavia isso não impede e nunca impedirá que ele seja praticado. E, com isso, aquelas que tomarem essa decisão ainda terão que se submeter a métodos clandestinos, perigosos e sem a devida atenção médica (caso não tenham renda suficiente para bancarem uma clínica particular de qualidade que realize o procedimento, que sabemos que existem debaixo de nossos narizes, ou uma viagem ao exterior). Recentemente, nosso vizinho Uruguai reviu a legislação sobre o assunto, e não vejo por que não deveríamos estar tomando o mesmo caminho.
Por um Brasil sem hipocrisia - por Lola Aronovich
Infelizmente o Brasil, que também deveria ter um governo de esquerda, aliou-se à bancada religiosa. Em fevereiro, peritos da ONU colocaram o governo contra a parede. Citaram a cifra assombrosa de 200 mil mulheres mortas por ano por abortos clandestinos, e perguntaram: o que vocês vão fazer? Vocês vão continuar se aproveitando da divisão da sociedade sobre esse assunto para não fazer absolutamente nada? O governo só balbuciou que essas decisões não cabem ao executivo.
Pela Descriminalização do Aborto: reflexões feministas sobre o projeto de Novo Código Penal (Parte I) – por Soraia Mendes
Descriminalizar o aborto é uma pauta política feminista assentada na liberdade, autonomia, autodeterminação que configuram o direito de decidir sobre ser ou não mãe como um direito fundamental e exclusivo das mulheres [4]. Trata-se, pois, de uma expressão da ‘soberania’ que cada um tem para decidir sobre a própria mente e o próprio corpo, como há séculos já dizia Stuart Mill.
O direito à autodeterminação, especificamente quanto ao direito de decidir sobre ser ou não mãe, é um direito, ao mesmo tempo, fundamental e exclusivo porque forma um todo com a liberdade pessoal (autodeterminação) da mulher para optar por ser mãe, ou não [5]. O que claramente configura uma liberdade negativa, uma alternativa de ação, desconhecida, ao que parece, para a Comissão de Juristas.
Úteros não são espaços públicos - por Iara Paiva
E aqui voltamos a alienação do corpo. As mulheres sempre abortaram. Não foi a medicina e muito menos o feminismo que inventaram o aborto. Até entre mulheres muito religiosas há quem já tenha tomado chá “pra descer a menstruação”. Porque olhem só, o desenho humanizado e quase autônomo do feto só existe em livros e em panfletos anti-aborto. Quando se tomava chazinho pra descer a menstruação o que saía não era um bebê mas…. sangue. Sim, havia um feto ali. Talvez perdido em alguém coágulo, como são comuns coágulos na menstruação.
Poema sobre aborto legal e seguro - por Rayane Noronha
Aborto legal e seguro para não morrer
Não se pode mais esperar para socorrer
O nosso grito é o direito ao nosso corpo
Nossa bandeira é a legalização e descriminalização do aborto!

Disponivel em Blogueiras feministas

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