Grande imprensa tem medo da sociedade

26 outubro 2010

Qualquer pequeno avanço da ideia de controle social da mídia é recebido com grande gritaria pela imprensa hegemônica brasileira. Iniciativas que avançam no âmbito estadual em São Paulo, Mato Grosso, Alagoas, Piauí, Bahia e Ceará são recebidas a pedradas pela grande mídia brasileira. As mentiras e distorções sobre o assunto se propagam graças à falta de conhecimento da população em geral sobre o assunto, mas nascem pelos interesses de domínio absoluto de meia dúzia de famílias sobre toda a informação que circula no país.

Nesta terça-feira, alguns veículos que se dizem livres, independentes e democráticos, deram mais um exemplo de intolerância e arrogância. O Jornal Nacional apresentou uma longa reportagem sobre o assunto, enquanto o jornal gaúcho Zero Hora dedicou seu editorial ao tema. Vamos a alguns trechos deste último, e questões que se colocam sobre cada um deles:

A nação volta a assistir a tentativas de impor controles e fiscalização aos meios de comunicação, repetindo-se o processo de ameaças à liberdade de informação. – Se consideram acima da lei, se consideram intocáveis, inalcançáveis pela “fiscalização”.

(A Confecom), organizada e aparelhada pelo governo federal (…). Sem a representação de segmentos decisivos dessa atividade. – A Confecom foi, na verdade, organizada e exigida por movimentos sociais e por comunicadores independentes, e a não participação das organizações representativas dos conglomerados de mídia ocorreu em boicote às demandas da sociedade, exatamente por se considerarem acima do bem e do mal, donos da comunicação brasileira e da verdade.

(A Confecom) apenas reiterava propostas (…) rejeitadas pela opinião publica que via nela tentativas de intrusão do Estado na delicada e imprescindível questão da liberdade de informar e ser informado. – Quando exatamente a “opinião pública” rejeitou as propostas da Confecom? Na verdade foi a própria sociedade organizada quem debateu amplamente e formulou as demandas. Quem rejeitou, na verdade, foi a grande imprensa, que traveste-se de opinião pública, que tenta ser uma voz que não é, que assume para si o papel de opinião pública.

(…) controles que frequentemente têm caráter partidário e ideológico não é o melhor caminho (…). – A proposta é de controle social, controle da sociedade, partindo-se do pressuposto de que a comunicação deve servir ao interesse público, não ao interesse de meia dúzia, partindo-se do pressuposto de que a sociedade deve estar acima do mercado.

A criação de estruturas de controle numa atividade como a da imprensa pode ser a própria negação da maior e mais efetiva das virtudes de jornais, rádios e televisões: sua independência e sua liberdade. – quais jornais, rádios e televisões são esses independentes e livres? Certamente não os dominantes, não os que chiam contra a democratização da comunicação. Esses, de independentes e livres têm muito pouco.

Só interessa aos governantes que não gostam de ter seus atos abertos à opinião pública. – Na verdade só não interessa aos dominantes, aos “governantes da informação”, que não querem que as informações circulem de forma plural e aberta à opinião pública. Vale lembrar ainda que a Confecom não foi construída por governantes, mas pela sociedade civil organizada.

Ao resistirem às tentativas de serem tutelados, os meios de comunicação o fazem em nome e em defesa dessa mesma sociedade – Em primeiro lugar, é necessário que se pergunte quais são esses meios de comunicação que resistem às propostas da Confecom. São meia dúzia de grandes conglomerados, interessados apenas no lucro, muito do qual jorra graças ao monopólio das informações, do qual dispõem mantendo a sociedade de mãos amarradas. Eles colocam-se como únicos meios de comunicação, ignoram a existência dos meios realmente independentes, sob a alegação de que estes seriam “atrelados ao governo”, mais uma mentira suja. Colocam-se também como os paladinos defensores da sociedade. É deles que a sociedade precisa se defender.

Postado por Alexandre Haubrich

Fonte: http://jornalismob.wordpress.com/2010/10/26/grande-imprensa-tem-medo-da-sociedade/

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