Governo prevê flexibilizar CLT para facilitar acordos trabalhistas
|
|
---|---|
O governo
trabalha para colocar em prática um dos projetos do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso que nunca saíram do papel por falta de apoio
no Congresso. Trata-se de uma flexibilização da CLT que permita às
empresas e sindicatos fecharem acordos sobre direitos trabalhistas com
regras mais elásticas, como parcelamento das férias de 30 dias, da
licença-maternidade e do descanso de uma hora para almoço.
Segundo
a minuta de projeto de lei que está em fase final de análise na Casa
Civil, o objetivo é o mesmo da proposta encaminhada ao Congresso na
gestão FH: fazer com que o negociado possa prevalecer sobre a legislado.
A diferença é que o projeto atual fixa parâmetros mais rígidos para que
isso ocorra, como a exigência de que os sindicatos tenham habilitação
prévia do Ministério do Trabalho e instalem comitês dentro das fábricas,
eleitos pelos trabalhadores e que farão a negociação direta.
Trata-se
de uma figura nova na legislação trabalhista que o governo quer criar
via projeto de lei, o Acordo Coletivo Especial. A nova norma, se
aprovada, não revogará a CLT e terá caráter facultativo, mas cria
condições para que os sindicatos comecem uma reforma gradual na
legislação considerada ultrapassada.
“As
relações de trabalho no Brasil estão sujeitas a uma legislação extensa e
detalhada, nem sempre adequada à realidade dos trabalhadores e das
empresas”, diz a exposição de motivos da proposta. O projeto foi
costurado pelo ministro Gilberto Carvalho (secretário da Presidência da
República) e aguarda o aval dos técnicos da Casa Civil ao texto final
para ser enviado ao Congresso.
Apoio das centrais sindicais e de líderes políticos
Segundo
o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, a
proposta tem o apoio das centrais sindicais e de líderes partidários. A
entidade já adota a prática dos comitês de fábrica, mas é impedida de
avançar nos acordos pela legislação.
Ele
explicou que o projeto vai permitir que sindicatos e empresas possam
negociar, por exemplo, a divisão das férias em três períodos, o que hoje
é proibido na iniciativa privada. Ou a redução do descanso de uma hora
dos trabalhadores para almoço, para 45 minutos, com alguma compensação. E
a volta gradual das mães ao trabalho após a licença-maternidade, com um
período de meio expediente até completar os seis meses.
Nobre
destacou que os comitês não poderão eliminar ou reduzir direitos
fundamentais previstos no artigo 7 da Constituição, como férias anuais
de 30 dias. Mas terão autonomia para negociar sua aplicação, segundo
interesses da categoria e peculiaridades da empresa. Alguns sindicatos
já flexibilizam pontos da legislação, mas os acordos podem ser
questionados.
Para o presidente do Tribunal
Superior do Trabalho, ministro João Oreste Dalazen, o país precisa
aproveitar as comemorações do Dia do Trabalho para repensar a legislação
trabalhista. Ele destacou o número crescente de ações trabalhistas: em
2011, as 1.384 varas julgaram cerca de dois milhões de processos.
Fonte: A reportagem é do jornal O Globo, 30-04-2012.
Disponivel em Fortalecer o PSOL
0 comentário(s):
Postar um comentário
Deixe sua sugestão, crítica ou saudação juntamente com seu contato.