Paradoxo 1

Tenho dificuldades de imaginar trabalho mais revolucionário do que o trabalho do professor. Principalmente do professor comprometido com uma educação diferente, que rompa com aquela concepção convencional que em pleno ano de 2011 força os alunos a copiarem matéria do quadro negro, que está a serviço da lógica do capital e usa técnicas similares a da ortopedia direcionando os alunos a um padrão convencionado. Essa educação diferente deve se opor a tudo isso e considerar a realidade, a vivência dos alunos; oferecendo a estes as ferramentas necessárias para a decodificação das relações de poder que nos permeiam, assim como, oferecer os meios de transformação de suas realidades, deve ser seu principal objetivo possibilitar cidadãos conscientes.
Existe um grande paradoxo povoando nossas idéias. Pois, acredito que seja consenso que o principal caminho para uma mudança na sociedade, para que possamos evoluir humanamente, nas relações pessoais e também em nossa relação com a natureza passa necessariamente por maiores investimentos na educação. O paradoxo se torna evidente, pois, ao passo que existe esse consenso, em relação à educação, nossas universidades ainda privilegiam enormemente a pesquisa, e mais que isso, a pesquisa em uma lógica de produtividade e encastelamento. À partir disso, é perfeitamente possível compreender a lógica de nossa sociedade, a lógica dos problemas sociais aos quais estamos submetidos, a lógica do sistema do capital, fazendo uma análise de como funciona nossas universidades, os empreendimentos acadêmicos que são mais valorizados, dispõe de mais prestigio, recebem mais investimentos; da mesma forma, os cursos que são mais valorizados, disponibilizam mais prestigio e recebem mais investimentos. Sempre que escutamos o governo se pronunciar sobre desenvolvimento, esse desenvolvimento é sempre econômico, tecnológico, financeiro... Nunca é um desenvolvimento do homem, das relações humanas; levando isso em conta fica fácil perceber o papel prestado pela universidade, como a universidade repercute socialmente; permite-nos perceber que não é por acaso que os cursos mais valorizados e incentivados são os que propiciam esse tipo de desenvolvimento e, por conseguinte a desvalorização das ciências humanas. Enquanto a nossa lógica for a lógica do lucro, enquanto nossa idéia de desenvolvimento for esta, enquanto não se der o valor que é dado as ciências técnicas para as ciências humanas, enfim enquanto as idéias ficarem paralisadas em discursos demagógicos nenhuma melhora significativa vai acontecer na forma como vivemos, como compartilhamos o mundo.

Eduardo Hernandes Dutra
Estudante de Ciências Sociais UFRGS - Movimento Contestação

Um comentário:

  1. Edu,
    compartilho contigo.
    Enquanto não mudarmos essa lógica, não teremos uma mudança efetiva.

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