Novas lentes

Ingressar no mundo do pensamento feminista é como trocar as lentes do óculos. Ou mesmo começar a usar óculos. É começar a ver TUDO de forma diferente, e a desnaturalizar coisas que passam despercebidas pela maioria das pessoas. É se policiar constantemente para não se ver repetindo os mesmos clichês, reproduzindo os mesmos comportamentos. É de repente se ver defendendo mil outras causas além da “nossa”, porque todas elas se interligam, todas são (ou deveriam ser) solidárias entre si, e a liberdade da mulher depende também da liberdade de tantas outras minorias.
Imagem de Erika Quitnana, no Flickr em CC, alguns direitos reservados.
* É parar de xingar outras mulheres chamando-as de putas;
* É não começar a se referir a uma pessoa ressaltando a opção sexual dela;
* É nunca mais dizer, de uma mulher com roupas mais ousadas, que ela não vai poder reclamar caso seja estuprada (sim, eu já disse isso);
* É responsabilizar o marido/namorado e não a mulher pela traição;
* É se revoltar quando vê a melhor amiga dizer que vai ter que reformar o vestido porque o namorado não a deixou vestí-lo do jeito que estava;
* É pagar metade da conta, seja do restaurante ou do motel, e não achar que o cara é menos homem por isso;
* É acreditar que qualquer maneira de amor vale à pena, qualquer maneira de amor valerá;
* É lutar para atingir os seus objetivos e não esperar um marido para isso;
* É querer que os homens também sejam mais livres, para chorar, para demonstrar sensibilidade, para serem mais eles mesmos e menos produtos do que a sociedade espera deles;
* É se indignar quando, num evento social, a festa se divide entre homens na churrasqueira falando de futebol e mulheres na cozinha falando de filhos e salão de beleza;
* É ter o maior trabalhão para encontrar presentes para as sobrinhas que não as bombardeiem com a mensagem da princesa passiva (FORA BELA ADORMECIDA!);
* É ver beleza em TODAS as mulheres, porque todas são lindas e únicas;
* É brigar com um parente querido porque ele desqualificou uma colega de trabalho dizendo “aquela sapinha lá” (sapinha = sapatão = lésbica), como se a identidade sexual da pessoa fosse justificar a má conduta naquele caso;
* É se emocionar ao ver pela primeira vez a concretização de uma união estável homossexual.
* É não ver problema nenhum em o homem ganhar menos e consequentemente ajudar menos no sustento da casa;
* É não aceitar que uma amiga exija tanto do namorado, que ele tenha mais ambições, faça mais dinheiro, blablabla, porque ele como homem do relacionamento tem que ser “mais” do que ela, caso contrário é um fraco;
* É dizer para essa mesma amiga que se ELA tem ambições, ELA que lute para alcançá-las, e se o namorado é feliz ganhando o pouco que ganha na profissão que escolheu, ótimo para ambos;
* É parar de julgar pela aparência, de dizer aquela gorda, começar a respeitar cada ser humano pelo simples fato de serem humanos, e fazer críticas com relação à atitudes das pessoas e não ofender gratuitamente;
* É não tolerar mais agressões, contra si nem contra ninguém que conheça;
* É estar sempre pronto para entrar na briga para defender alguém injustiçado;
* É comemorar os avanços, mas ainda assim reconhecer que há um longo caminho a percorrer.

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