Haddad será convidado a comparecer a audiência pública no Senado para debater o livro com frases que contrariam a norma culta
O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que não há motivos para censurar a obra “Por uma Vida Melhor”, da Coleção Viver, voltada para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). O iG revelou na semana passada que em um capítulo o livro admite erros de concordância como “nós pega o peixe” na linguagem oral. Em outro trecho, os autores afirmam que os estudantes podem falar “os livro”.
Segundo o ministro, a educação tem que fortalecer os vínculos com a norma culta, para que o estudante possa fazer o melhor uso da linguagem para se comunicar, em diferentes situações.Haddad disse em entrevista à rádio CBN que os exercícios propostos pelo livro em questão partem da forma como os alunos falam para ensinar a usar a norma culta. “Estamos envoltos em uma falsa polêmica. Ninguém está propondo ensinar o errado”, defendeu.
Haddad destacou que o processo de escolha dos livros didáticos é feito por educadores e não tem “ingerência governamental”. As obras enviadas ao Ministério da Educação (MEC) são entregues paracomissões avaliadoras, formadas por professores de universidades federais. Após a aprovação, os livros são apresentados em um guia às escolas que escolhem o material didático.
Heloisa Ramos, uma das autoras de “Por uma Vida Melhor”, afirmou em entrevista aoiG que a proposta da obra é que se aceite dentro da sala de aula todo tipo de linguagem, em vez de reprimir aqueles que usam a linguagem popular.
“Não queremos ensinar errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação. Por exemplo, na hora de estar com os colegas, o estudante fala como prefere, mas quando vai fazer uma apresentação, ele precisa falar com mais formalidade. Só que esse domínio não se dá do dia para a noite, então a escola tem que ter currículo que ensine de forma gradual”, disse.
Audiência no Senado
Na próxima semana, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado vai promover um debate sobre a politização de livros didáticos e a presença em livro de português de exemplos de frases que contrariam a norma culta. Haddad será convidado a comparecer à comissão, conforme anunciou nesta terça-feira (17) o presidente da comissão, senador Roberto Requião (PMDB-PR).
Nesta terça, uma audiência pública discutiu "críticas ao governo de Fernando Henrique Cardoso e elogios ao governo de Luíz Inácio Lula da Silva" nos livros didáticos aprovados pelo MEC, e o tema do uso da língua será incluído no próximo debate. O ministro não compareceu e não apresentou justificativa pela ausência. Durante a audiência desta terça, foi ouvido apenas o presidente da Associação Brasileira de Editores de Livros Didáticos (Abrelivros), Jorge Yunes.
Veja reportagem em vídeo sobre a polêmica: Aqui
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