O Castrismo e o Jornal do SBT

Ontem a noite (19/04/2011), assistindo ao Jornal do SBT, deparei-me com a chamada do jornalista Carlos Nascimento sobre a renúncia do Fidel ao cargo que ele ainda ocupava no partido. Até aí, tudo bem. Entretanto, o jornalista chama o Fidel de ditador (até aqui, podemos discutir os pontos positivos e negativos do Castrismo) e como sendo um dos ditadores da esquerda na América Latina, que assim como os do Oriente Médio, caírão.
Acredito piamente que alguém que trabalhe com a notícia, com o jornalismo, deva no mínimo ter boas noções de história. Mas o jornalista em questão não... ele colocou o regime Latinoamericano de oposição ao capital no mesmo pé que as ditaduras árabes, como se ambas fossem a mesma coisa, nascidas da mesma fonte (claro, na visão do jornalista ninguém deve ser mais comunista que o Kadafi, pelo que eu percebo).
Após isso, o jornalista Carlos Nascimento diz que agora devemos aguardar os resultados deste processo, pois Cuba pode começar a abrir as portas ao Capitalismo (sim, ele nomeou o monstro) para que, neste momento, a democracia passe a fazer parte da vida cubana.
Se o jornalista tivesse, e pela função de apresentação de um telejornal deveria ter, o mínimo de conhecimento sobre a realidade brasileira contemporânea, saberia que no Pará diversas pessoas estão sendo destituídas das suas casas para a construção da Belo Monte; que em diversos estados brasieiros ainda temos casos de escravidão - em pleno século XXI; que a oligarquia ainda barra uma justa reforma agrária para lucrar com a exportação; que na minha cidade e em diversas outras há uma multinacional que paga cerca de R$ 2.000,00 por mês para me fazer trabalhar 44 horas semanais, sem pensar no tempo em que estou envolvido com a locomoção, como se esse valor irrisório pagasse o tempo que eu deixei de passar com a minha família, estudando ou em qualquer outra atividade (hoje temos tecnologia suficiente para produzir muito com pouco tempo de trabalho individual, deste modo abrindo mais portas para desempregados); que hoje eu pago R$ 1,20 por quatro pães quando há alguns anos eu pagava R$ 0,40. Apenas esses fatos, o que são se não interesses do capital?
Agora, meu caro jornalista, ter opiniões contra o Castrismo, como disse, é discutível, ninguém é obrigado a concordar com nada. Mas colocar no mesmo nível a América Latina com as ditaduras árabes e identificar o capitalismo com democracia - num jornalismo que se diz neutro - é no mínimo ignorância ou inocência, ou imposição do diretor do jornal - e falo isso para não pensar em algo pior.


Valdemir Vicente
Estudante de Letras
Movimento Contestação
Trabalhador em Gravataí
Socialista com muito orgulho

Um comentário:

  1. Com todo respeito que tenho aos que têm coragem para exporem opiniões e defendê-las com dignidade, não posso deixa de comentar esse texto.
    Fidel é tão ditador quanto Kadafi! A origem das ditaduras pode ser diferente, mas toda ditadura é uma ditadura! Os extremos se parecem. Infelizmente, foi o capitalismo que se mostrou aliado da democracia, mesmo admitindo que no Brasil a democracia é meio bamba. Por outro lado, os países que "implantaram" o "socialismo" souberam amordaçar a população, não são afeitos ao debate político. Se você estivesse em um desses países, duvido muito que tivesse acesso à internet, muito menos ter um blog expondo o que pensa sobre política.
    Na desculpa de combater injustiças, ditadores "socialistas" comentem injustiças piores: calam, matam, proibem, impõem....
    Sou contra as mazelas naturais do capitalismo, tremo de indignação perante injustiças, mas não tenho como concordar que a ditadura de Fidel, ou qualquer outra, seja justificável.
    Vamos humanizar o capitalismo. Acredito que seja mais afeito à natureza humana.
    Paulo André

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