A VIOLÊNCIA NÃO NASCE EM ÁRVORES, MAS TEM RAÍZES

Se a gente convive com a violência ainda embrionária, potencial, latente, sem ela ter assumido o estado de brutalidade explícita e dor, permitimos sua manifestação sem interromper sua  metódica trajetória de mentira, cobiça e distorções.
Reagimos tardiamente. Não aprendemos que o “lutar antes, para evitar luto depois”, deveria ser prática comprometida de todo o dia.
Se não reconhecemos a violência enquanto ela cresce disfarçada na banalização dos valores da dignidade; enquanto ela “apenas” gera exclusão, rancor, frustração, humilhação, aspereza e intolerância, só vamos despertar quando tudo estiver fora de controle. Assim, sob choque, nem mesmo a nossa indignação conduzirá a uma resposta organizada e construtiva, pois estaremos sob o impacto emocional que tende a diminuir na proporção em que a cobertura de mídia cessa.
Reagimos sem mexer na atitude. Respondemos sem remexer nas raízes.
Se reconhecermos, imediatamente, o estado de violência, na miséria, no desrespeito aos direitos mais elementares da vida, no aviltamento das relações humanas e na discriminação começamos a dar os primeiros passos para evitar sua gestação de infâmia.
Reagiremos nos mínimos detalhes. Observaremos em nossas próprias vidas o quanto aceitamos os diversos graus e estados de violência. Em pensamentos, palavras, obras e atitudes.
O nosso testemunho não pode servir de alimento para a violência. Romper os elos enquanto a corrente está fraca. Nas raízes. A violência quando acontece, estúpida e brutal, muito antes, estava presente... em nossa ausência.
(TT Catalão – Brasília, 11 de março de 2005)  

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