Na próxima semana, uma reunião no Palácio do Planalto deve bater o martelo se Dilma Rousseff será chamada de "presidente" ou "presidenta". Pode parecer uma diferença insignificante para muitos, mas não é.
A começar que tem gente que acha que o termo é errado. Na verdade, em bom português pode-se utilizar as duas formas, sendo presidente a mais usual porque é um substantivo comum de dois, definido pelo artigo precedente. Ou seja "a" ou "o" presidente, como "a" ou "o" jornalista.
Acontece que jornalista não é o mesmo que Presidente da República. Enquanto as redações têm a maioria de mulheres – não em cargos de direção, faz-se a ressalva – e essa palavra, de fato, terminar com "a", o feito de Dilma é único na história da democracia brasileira.
Utilizá-lo com "a" é, portanto, ressaltar isso. É bem possível que o estranhamento inicial seja, aliás, não só por conta de colocar o termo no feminino, mas também por termos uma mulher governando o país.
“A língua não é neutra e reflete a relação dos sexos na sociedade e a posição da mulher nesta relação. A língua é o espelho no qual a sociedade se reflete. O predomínio do masculino na sociedade significa que o masculino determina o uso da língua. De fato o gênero masculino tem prevalecido sobre o feminino. A linguagem sexista ocorre quando uma pessoa emite uma mensagem que, por suas formas, palavras ou pelo modo de estruturá-la resulta em discriminação por razão do sexo”, afirma a pesquisadora argentina Sonia Santoro.
Não é à toa que lá, onde essa discussão está em outro patamar, Cristina Kirchner é chamada de “presidenta” do país pelos meios de comunicação porque assim o quis desde o início de seu governo. Ela simplesmente pediu para que fosse assim.
Dilma já declarou, segundo assessores, que prefere ser presidenta. Espero que continue assim. E que comece seus discursos com "brasileiros e brasileiras" porque não, eu não me sinto representada quando ouço apenas o plural masculino.
Escrito por Maíra Kubík Mano às 09h40
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