HAITI DE HOJE E SUA NOVA LIÇÃO DE INDEPENDÊNCIA

Duas visitas sucessivas (Advogados João Luiz Duboc Pinaud e Aderson Bussinger, em 2005 e 2007), a primeira delas, apoiada em ampla rede de movimentos sociais, a segunda promovida pela OAB-RJ, cumpriram, embora  separadamente, semelhante trabalho de investigação e solidariedade ao Haiti.
 A primeira delas (João Luiz Duboc Pinaud), também integrada por entidades representativas da sociedade civil de 20 (vinte) países da América Latina, do Caribe, Norte-América e da África, coordenada pela Rede Jubileu Sul, Pastorais Sociais, Igrejas, MST/Via Campesina entre outras organizações sociais [1], bem como a segunda, da OAB-Seccional RJ (Aderson Bussinger), ofereceram estudos diferenciados, reunidos em pequeno livro Haiti, das trevas a luz (1).   
Atualmente, após alguns anos, através de ligações mantidas com o povo haitiano, estamos informados da não melhoria do quadro anteriormente encontrado. Lamentável saber aquela forte Nação ainda afetada por 80 % de desempregados. Em tal contexto parece esperável a “criminalização” dessa massa humana. Acentuando-se que dela ainda são retiradas externamente, as alternativas concretas de superar o que podemos chamar de comportamentos famélicos.
 Vale anotar neste ponto o correlativo crescimento do lucro de empresas estrangeiras. A ´Lewis´ ( que defensivamente impediu a visita da Missão Internacional, mantendo trancados seus portões e guardas ), pode ser citada como ótimo exemplo desse injusto lucro sobre o esmagamento de seus trabalhadores. Para não alongar o quadro empresarial dessa  exploração, vale lembrar que as “indústrias de agulhas”, plena e produtiva, não podem, concretamente, prescindir da mão –de- obra humana nessas tarefas básicas e, no mesmo vórtice, precarizam as vidas humanasobtendo seu lucro graças ao trabalho conseguido mediante salários vis.
  Como você explicaria o êxito comercial de 14 (quatorze) zonas francas senão pela exploração indigna de mão-de-obra. Seria obrigado a admitir que o capital inumanamente remunera ( que palavrainadequada! ) com menos de 60 dólares mensais.
   Difícil avaliar - no condicionamento internacional e cruel que sufoca o Haiti, o que é mais grave. Mas o correlativo daquele trabalho explorado, se inscreve – como em todos os outros lugares de exploração – no constante e maior esmagamento do trabalhador-vítima. Dentro desse empenho necessariamente mutilador (capital contra as  mãos que trabalham) se explica a repressão militar violentíssima contra os movimentos sindicais, ou qualquer outra manifestação libertária. Foram essas, nunca outras, nunca as verdadeiras mãos – do- trabalho- haitiano, que reprimiram violentamente os movimentos do último 1º de maio. Na data símbolo do trabalhador, a presença armada, não simbólica, da repressão aos seus direitos. Não caberia, nem poderíamos, minudear as “vis necessidades”  na formação e atuação da MINUSTAD. Basta ao nosso ligeiro comentário, lembrar  esta temida força superiormente armada, de também brasileiros, tão odiada e temida pelo povo haitiano, com seu real nome: Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (United Nations Stabilization Mission in Haiti – MINUSTAH), completa agora cinco longos anos de nociva permanência .
 Por último, e lamentável a presença do Brasil como tropa militar de ocupação não voltada para o benefício do povo haitiano em caminho que sua coragem historicamente marcou: luta negra e escrava pela própria independência. E, atualmente, apesar da exploração capitalista que agudamente ainda o asfixia, construirá sua passagem das trevas à luz da igualdade e da liberdade.

[1] Missão Internacional definindo a Delegação Brasileira (Bispo Adriel Maia, Pres. do Conselho Brasileiro das Igrejas Cristãs – CONIC; Deputado Walmir Assunção (MST (Via Campesina); Lucélia Santos, Ativista e Atriz; Sandra  Quintela – Economista (Jubileu Sul – Campanha contra ALCA); João Luiz Duboc Pinaud

(*) Artigo escrito por João Luiz Duboc Pinaud.

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