Estudantes de escolas públicas protestam em frente à UFRGS



Crédito: Pedro Revillion


Alunos querem garantia e ampliação de cotas étnicas e sociais da universidade



Cerca de 40 estudantes do Ensino Médio de escolas públicas de Porto Alegre e Viamão realizaram protesto, na manhã desta quarta-feira, em frente à sede da reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A manifestação foi em defesa da garantia e da ampliação das cotas étnicas e sociais da universidade.

Segundo a coordenadora do projeto, intitulado "Contestação", Rejane Aretz, o movimento nasceu depois que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, em 16 de junho, o Estatuto da Igualdade Racial, que tramita no Congresso desde 2003. Conforme os manifestantes, o estatuto não contém o item que garante cotas raciais e sociais nas universidades públicas.

O relator da matéria, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), optou por suprimir alguns artigos antes de a matéria ser apreciada e aprovada em Plenário. Onde havia a expressão “raça”, ele substituiu por “etnia”, ponderando que a ciência já mostrou que não há raça negra, branca ou amarela, mas sim raça humana. No entendimento do senador, a diferença entre dois homens de cor diferente, conforme a ciência, não chega a 0,005%. Demóstenes informou ainda que o Senado decidiu suprimir as expressões “cotas raciais”, por entender que devem existir cotas sociais, mas isso terá de ser tratado em outra lei.

“Repudiamos esta atitude, pois a aprovação do Estatuto, sem manutenção das cotas, não contribui, de fato, para minimizar as desigualdades em nosso País”, assinalou. De acordo com Rejane, os estudantes sofrem com a falta de investimento no ensino, com escolas sucateadas e professores mal-remunerados. Os ativistas do Movimento Contestação têm visitado as escolas públicas de Ensino Médio para estimular os alunos a usufruírem das cotas raciais e sociais. “Percebemos que 80% dos estudantes desconheciam a existência do benefício”, frisou o universitário Valdemir Vicente.

Ao tomar conhecimento da mobilização, o reitor Carlos Alexandre Netto decidiu receber representantes do Movimento Contestação. Na oportunidade, ele ressaltou que apesar da supressão, a UFRGS manterá a oferta de 30% das vagas para alunos cotistas, sendo 15% raciais e 15% sociais. “Recebemos com satisfação os manifestantes porque lutam por aspectos que concordamos e defendemos”, justificou Netto. O reitor salientou que vem fazendo um grande esforço para assegurar a inclusão. Lembrou que entre 2008 e 2010, a instituição abriu 750 novas vagas por meio da criação de cursos ou da ampliação da oferta nos já existentes. “Não existe nenhuma possibilidade de virmos a suspender a aplicação das cotas”, afirmou.

O reitor recordou que, em 2007, quando o Conselho Universitário deliberou pela implantação das cotas já a partir de 2008. “Na época, ficou definido que em 2012 haverá uma reunião de avaliação das políticas de ações afirmativas e definição dos novos rumos”, frisou. Netto afirmou que a mobilização dos estudantes de Ensino Médio foi uma demonstração de que a UFRGS está em sintonia com os anseios da sociedade.

Fonte: Luciamem Winck / Correio do Povo


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