La Jornada - [Armando G. Tejeda, Tradução de Diário Liberdade] Milhares de cidadãos indignados regressaram à madrilenha Puerta del Sol, o sítio que segue sendo o símbolo e o epicentro desta mobilização cidadã que rechaça o modelo econômico e político imperante. Os manifestantes, procedentes de todo o país, que participaram na Marcha Popular Indignada, reclamaram novas vias de participação e transformações sociais, além de uma democracia mais participativa, transparente e horizontal.
O protesto multitudinária é o ponto culminante de uma longa e dura marcha que saiu de sete pontos geográficos do país: Galiza, Barcelona, Valência, Múrcia, Málaga e Estremadura. O norte e o sul, o leste e oeste. Foram peregrinações pela dignidade, laicas e com o único propósito de levantar a voz ante o que consideram um sistema injusto que promove desigualdades estruturais e alimenta a voracidade do sistema financeiro.
As setes marchas entraram com panfletos e os mais de 500 marchantes com os pés cheios de bolhas, mas com o ânimo inflado ante as palavras de ânimo ao longo do caminho e a recepção nos bairros ed Madri, onde a chamada "revolução dos indignados" expandiu-se e se radicou através de assembleias populares e as atividades de resistência.
A revolução dos indignados começou no dia 15 de Maio (daí que também sejam conhecidos como Movimento do 15-M), quando as plataformas Democracia Real Já e Juventude sem Futuro convocaram dezenas de milhares de pessoas em todo o país para reclamar aos poderes políticos e econômicos que a crise não seja paga pelo povo e reivindicar mais espaços de participação cidadã.
Trincheira política sem políticos
O movimento cresceu em função da repressão policial, que nesse mesmo dia deteve e desalojou com violência da praça várias dezenas de jovens. Então começou um longo plantão de mais de um mês na emblemática Puerta del Sol, que converteram em sua casa e em sua trincheira política mais de 3 mil pessoas que, ao mesmo tempo, organizaram-se como uma microcidade mediante comissões.
Dois meses depois do início do movimento 15-M mantém-se a essência de seus postulados: está à margem de partidos políticos, sindicatos e organizações não-governamentais, sua forma de atuação é assemblear e consensual, e em nenhum caso se utiliza a violência como arma política. Sua essência é o protesto pacífico, mas enérgico, plantões em praças públicas, concentrações em frente às sedes dos poderes públicos ou panelaços em frente aos bancos e parlamentos.
O movimento cidadão dedicou-se nas últimas semanas, quando decidiu desmontar o acampamento na Puerta del Sol – deixou um ponto de informação e de apresentação de propostas –, para trabalhar uma série de iniciativas para levar a cabo algumas transformações no modelo político e econômico, entre elas as reformas da lei eleitoral e da legislação de crédito. De fato, uma das atividades mais importantes do 15-M foi evitar os desalojamentos que ordena os juízes a favor dos bancos, dos quais já foram evitados mais de 100.
Em seu caminho à Puerta del Sol, os indignados protestaram em frente ao palácio do presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, mas também em frente às sedes dos governos autônomos e municipais especialmente vinculados com a corrupção, como Valência e Madri, onde foram conhecidos os casos mais graves de conluio político-empresarial. Nas muitas paradas que fizeram ao longo da marcha foram gritadas palavras de ordem, como "A chamam de democracia e não é", "Não há pão para tanto corrupto", "Esta crise não iremos pagar" ou "Estas são nossas armas".
Além disso, os manifestantes que fizeram o trajeto desde suas cidades e povoados a pé, a organização também fretou dezenas de ônibus para transportar até a capital do Estado espanhol vários milhares de indignados que pretendem voltar a levantar a voz e lembrar que o Movimento do 15-M segue vivo ainda, e chegou para ficar.
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