Venezuela, quem ganhou foi o povo! Por Bruna Menezes
06/12/2012
Barramos a ALCA e
construímos nossas ferramentas e, assim, nasceram a Unasul (União de
Nações Sul-Americanas), a Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) e a
Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Novos
governos foram eleitos por todo continente com gestões mais
progressistas. Começamos a discutir o monopólio dos meios de
comunicação, da terra, dos meios de produção. |
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Contra os
prognósticos, ou melhor dizendo, contra a vontade dos grandes meios de
comunicação internacionais, os venezuelanos foram às urnas nesse
domingo, 7 de outubro, e reelegeram Hugo Rafael Chávez Frias presidente
da República Bolivariana da Venezuela. Com mais de 8 milhões de votos,
Chávez derrotou a proposta da direita, Henrique Capriles. Passada as
eleições e divulgado os resultados, aqueles que cantaram a vitória da
oposição já começam com o discurso do desgaste, da vitória apertada, do
opositor forte, de olho nas eleições para governadores no próximo dia 16
de dezembro.
Não se pode negar que após 14
anos de governo exista algum desgaste, o estranho seria se não houvesse.
Mas também não podemos ficar cegos diante de um governo que depois de
mais de uma década no poder consegue uma vitória tão expressiva, com uma
diferença de 10 pontos percentuais. Quanto a Capriles, a verdade é que
sua votação se deve mais a esse desgaste do que realmente pelos seus
méritos. Foi escolhido para ser o candidato da Mesa de Unidade
Democrática (frente de partidos da oposição) depois de um polêmico
processo de prévias, onde as listas de votantes foram queimadas. Teve
que mudar de discurso no meio do caminho e defender a continuação das
“Missões” (programas sociais do governo em aérea como saúde, educação,
moradia, etc.). Mudou até de imagem, aderindo as camisas vermelhas e
bonés com a bandeira venezuelana, muito parecido com o que usa Chávez.
Mas nada disso foi suficiente.
Se
buscamos uma explicação para o resultado eleitoral muitas poderiam ser
as respostas. No governo Chávez, de acordo com a Cepal (Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe), a pobreza na Venezuela
diminuiu de 47%, em 1999, para 27,8%, em 2010. Nessa mesma época, a
pobreza extrema caiu de 21,7% para 10,7%. O analfabetismo, o desemprego e
a taxa de emprego informal também caíram. Isso transformou a Venezuela
no país menos desigual da América Latina segundo o relatório sobre as
cidades latino-americanas das Nações Unidas
(http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/brasil-avanca-mas-e-quarto-pais-mais-desigual-da-america-latina-diz-onu.html
).
Depois dessas eleições temos que
nos perguntar: quem ganhou? E se levamos em conta que a Venezuela era um
país onde, até pouco tempo atrás, o dinheiro do petróleo beneficiava
alguns poucos e que hoje destina 43,2% do seu orçamento para políticas
sociais a resposta fica evidente: quem ganhou foi o povo. E aqui não me
refiro somente ao povo venezuelano, porque as conquistas da revolução
bolivariana vão além dos números e ultrapassam fronteiras.
A
principal conquista desses 14 anos de governo Chávez não se vê nos
relatórios das Nações Unidas, ela está nas ruas da nossa América Latina.
Está nas manifestações em cada canto desse continente. Está no povo que
agora tem consciência de classe e luta pelos seus direitos. Está nos
milhares de latino-americanos que dizem não as políticas neoliberais.
Está na esquerda que perdeu seus medos e voltou a usar a palavra
socialismo. Depois de anos da elite latino-americana enchê-la de
significados alheios a sua origem, foi o processo venezuelano que
reviveu essa palavra e a colocou na boca do povo, que agora é
protagonista da sua própria história.
Chávez,
diferentemente de alguns governos críticos ao neoliberalismo, foi além e
usou seu peso eleitoral para alterar a correlação de forças a favor dos
trabalhadores e do povo. Dessa forma, deixamos de ser países isolados e
nos tornamos mais latino-americanos. Barramos a ALCA e construímos
nossas ferramentas e, assim, nasceram a Unasul (União de Nações
Sul-Americanas), a Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) e a Celac
(Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Novos governos
foram eleitos por todo continente com gestões mais progressistas.
Começamos a discutir o monopólio dos meios de comunicação, da terra, dos
meios de produção.
A verdade é que muito ainda
nos falta, e problemas sempre vão existir nessa jornada em busca de uma
sociedade mais justa e igualitária. Mas esse avanço de consciência que
nós, classe trabalhadora e estudantes da América Latina, conquistamos
não deixa dúvidas, quem ganhou fomos nós.
Eleições de Chávez
1998 – eleições presidenciais – Chávez eleito presidente com 56% dos votos contra Henrique Salas Romer que teve 40%
Abril de 1999 – eleições para convocar uma Assembleia Constituinte – cerca de 90% foi favorável
Dezembro de 1999 – 72% da população aprovou a nova constituição que dá início a chamada “revolução bolivariana”
2000 – eleições presidenciais – Chávez reeleito com 60% dos votos. Francisco Arias fica em segundo com 37,5%
2004 – Referendo revocatório – 59% decidiram pela continuação do governo de Hugo Chávez
2004 – eleições regionais – o governo ganhou em 22 dos 24 estados e mais de 80% das prefeituras
2005
– eleições parlamentares – as 165 cadeiras da Assembleia Nacional foram
ocupadas por partidos governistas depois que a oposição se retirou da
disputa
2006 – eleições presidenciais – Chávez foi reeleito com 62%
2007 – Referendo para fazer mudanças na constituição – a proposta do governo perde, 51% da população vota contra as mudanças
2008 – eleições regionais para governadores, prefeitos e vereadores – o partido governista PSUV ganhou a maioria dos cargos
2009
– Referendo sobre proposta de emenda que elimina os limites para
reeleição de cargos públicos – o SIM ganhou com quase 55% dos votos
2010 – eleições legislativas para assembleia nacional – governismo elegeu a maioria simples.
Fonte: Bruna Menezes-Jornalista apresentadora da Telesur
Disponivel em Fortalecer o PSOL
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