Dias de Consciência, dias de Luta!

Mais um vinte de novembro, e inúmeras questões entram pauta. Ao participar de diferentes atividades sobre a Lei 10.639/03m inclusive ministrando atividades de promoção da reflexão sobre a Consciência Negra, quando discuto a lei e as políticas de ações afirmativas, me ponho a pensar sobre como a nossa luta é dura e continua.

Lutamos por reconhecimento do nosso povo, ultrapassando as barreiras do preconceito e discriminação nas diferentes esferas das nossas vidas, seja social, profissional, acadêmica, nos grupos de convivência, seja nas nossas relações mais pessoais. Lutamos pelo reconhecimento da nossa historia, considerando o 20 de novembro como uma data chave, importantíssima à nossa militância, reconhecendo de fato a luta e o valor do povo negro.

Assim como em Palmares, queremos o reconhecimento de Porongos, onde nossos antepassados lanceiros foram assassinados ao lutar por uma causa que não era sua, mas queriam em troca apenas a sua liberdade.

Lutamos também por uma educação básica de qualidade para nossas crianças, onde elas possam se olhadas como são, reconhecidas pelos seus conhecimentos e bagagem cultural, onde a legislação não precise obrigar a escola a integrar a criança negra e a sua historiografia, mas que essa mesma legislação seja assimilada naturalmente, tornando a Educação das Relações Étnico-Raciais uma feliz realidade nas nossas escolas.

Lutamos ainda pelo respeito a diversidade religiosa, onde a maioria dos nossas acaba se escondendo atrás de práticas religiosas extra-oficiais, ou discretas – se assim podemos chamar – em razão da opressão de uma maioria esmagadora.

Muito além disso, lutamos por espaços de visibilidade e reconhecimento, junto aos movimentos sociais, na luta pela garantia dos direitos das minorias. Lutamos também por um feminismo mais negro, onde as mulheres mostrem plenamente a sua autonomia, mas, sobretudo, por espaços onde a mulher negra tenha visibilidade, sendo realmente vista e representada pelo feminismo. Outras bandeiras de militância, tais quais a luta contra a homofobia e as diferentes formas de discriminação, também são fundamentais. Entretanto, não podemos em hipótese alguma usar o discurso hipócrita de que todos são discriminados por algum motivo, para deixar de discutir o racismo e a causa do negro. Precisamos articular nossas bandeiras de militância, para que estas nossas diferentes lutas se somem, se encontrem e se complete,

É por isso que lutamos, não apenas no mês de novembro. Lutamos por todo o ano, todos os dias, a vida toda... por consciência negra e por uma sociedade que reconheça todas as suas peculiaridades e problemáticas, respeitar as diferenças e assumir indenidades.

Essa é a nossa luta - UBUNTU!



Texto de Letícia Pereira Maria - http://letthyssia.blogspot.com/
Historiadora - Novo Hamburgo/RS
Militante do Movimento Contestação

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