Ministério flagra trabalho escravo em confecção de roupas da grife Zara


Roupas da grife Zara eram fabricadas com mão de obra escrava em São Paulo | Foto: Bianca Pyl/Repórter Brasil
Da Redação
Equipes de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) flagraram trabalhadores estrangeiros submetidos a condições análogas à escravidão produzindo peças de roupa da marca internacional Zara, do grupo espanhol Inditex, em São Paulo. As oficinas subcontratadas de fabricante de roupas da Zara, mantinham 15 pessoas em condições ilegais que foram libertadas de trabalho escravo contemporâneo. A denúncia foi feita na noite desta terça-feira (16), em reportagens do programa A Liga, da Bandeirantes, e do site Repórter Brasil.
“Por se tratar de uma grande marca, que está no mundo todo, a ação se torna exemplar e educativa para todo o setor”, afirma Giuliana Cassiano Orlandi, auditora fiscal que participou de todas as etapas da fiscalização. A ação serve também para mostrar a proximidade da escravidão com pessoas comuns, por meio dos hábitos de consumo. “Mesmo um produto de qualidade, comprado no shopping center, pode ter sido feito por trabalhadores vítimas de trabalho escravo”, afirma Giuliana
A confecção de uma calça gerava ao dono da oficina terceirizada R$ 6, em média. Este valor era dividido em três partes: R$ 2 para os trabalhadores; R$ 2 para as despesas com alimentação, moradia e outros custos; e R$ 2 para o dono da oficina.
O quadro encontrado pelos agentes do poder público incluía contratações completamente ilegais, trabalho infantil, condições degradantes, jornadas exaustivas de até 16 horas diárias e cerceamento de liberdade (seja pela cobrança e desconto irregular de dívidas dos salários, o truck system, seja pela proibição de deixar o local de trabalho sem prévia autorização).
As vítimas libertadas pela fiscalização foram aliciadas na Bolívia e no Peru, país de origem de apenas uma das costureiras encontradas. Em busca de melhores condições de vida, deixam os seus países em busca do “sonho brasileiro”. Quando chegam aqui, geralmente têm que trabalhar inicialmente por meses, em longas jornadas, apenas para quitar os valores referentes ao custo de transporte para o Brasil.
Para Giuliana, a superexploração dos empregados, que têm seus direitos laborais e previdenciários negados, tem o aumento das margens de lucro como motivação. “Com isso, há uma redução do preço dos produtos, caracterizando o dumping social, uma vantagem econômica indevida no contexto da competição no mercado, uma concorrência desleal”.
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lavrou 52 autos de infração contra a Zara devido as irregularidades nas duas oficinas.
Com informações da Repórter Brasil.

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