Contra violência sexual, 'Marcha das Vadias' reúne 500 no RJ


Vestidas com roupas curtas e até íntimas, as mulheres sinalizaram seu protesto mordendo maçãs. O gesto faz referência à história bíblica na qual Eva .... Foto: Luiz Gomes/Futura Press
Vestidas com roupas curtas e até íntimas, as mulheres sinalizaram seu protesto mordendo maçãs
Foto: Luiz Gomes/Futura Press

GABRIEL MACIEIRA
Direto do Rio de Janeiro
Cerca de 500 pessoas que participaram da "Marcha das Vadias" ocuparam na tarde deste sábado meia pista da avenida Atlântica, no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ). Inspirado na "Slut Walk" do Canadá, o protesto teve início no posto 4 da praia e foi marcado por palavras de ordem e cantos feministas contra a violência sexual. Até os papas foram lembrados com o grito "se o papa fosse mulher, o aborto seria legal".
Durante o percurso, panfletos foram distribuídos explicando a finalidade da causa. Aos gritos de "fora Bolsonaro" e "fora Myrian Rios", o grupo caminhou cerca de 3,5 km.
O evento mobilizou o bairro, onde centenas de curiosos observavam a manifestação. Com o bloqueio parcial da pista, a avenida Atlântica registrou intenso congestionamento. Para a organizadora do evento Daniela Monte, 29 anos, a passeata, divulgada basicamente pela internet, foi um sucesso e será repetida em 2012.
"Foi muito gratificante. Muitas pessoas se mobilizaram pela nossa causa. Cerca de 7 mil pessoas tinham confirmado que viriam ao evento pela internet, mas o site apagou. Com isso muitos acharam que teria sido cancelado. Com certeza ano que vem virão mais pessoas. Os organizadores de todas as marchas no Brasil estão tentando viabilizar o evento no mesmo dia", disse.
Pessoas de todas as idades acompanharam a passeata desde o início. Entre elas, estava a aposentada Monica Araujo, que ajudou nos preparativos e foi até o final. "Toda mulher que já sofreu a algum tipo de exploração tem que estar atenta a este movimento", avaliou.
A ideia da marcha canadense aconteceu depois de um policial, durante palestra em uma universidade local, ter afirmado que as mulheres deveriam evitar se vestir como "vagabundas" para não serem alvos preferenciais de estupros. A palestra se deu em um momento em que os casos de estupro estavam em evidência no Canadá.
Segundo os organizadores do ato público, no Rio de Janeiro a situação "é grave e preocupante". Um relatório do Instituto de Segurança Pública da capital fluminense mostrou que pelo menos 10 mulheres foram estupradas por dia em 2011. Dos 4.589 registros desse tipo de violência, 3.751 tiveram como vítimas meninas de no máximo 14 anos de idade.
Entre as reinvidicações do movimento, estão o direito de ir, vir e existir sem ser vítima da violência, atendimento de qualidade pelo SUS para todas as pessoas que sofrem violência sexual e a implementação efetiva da Lei Maria da Penha. Melhorias nas Delegacias Especiais de Atendimento às Mulheres (DEAMs) e capacitação de agentes da segurança pública sobre diversidade sexual também são cobradas pelos manifestantes.
Depois de passar por parte da praia de Copacabana a marcha seguiu até a 12 Delegacia de Polícia onde por volta de 17h15 com um breve discurso, terminou a manifestação.

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