Depoimento revela queima de arquivos durante e após a ditadura militar

Por Mariana Gomes

Em grave denúncia divulgada ontem (24/05) pelo SBT após a novela “Amor e revolução”, José Alves Firmino, ex-funcionário de órgãos de segurança, revela como foi feita a criminosa queima de arquivos do Exército sobre presos políticos, durante e após a ditadura militar. Ele revela que houve ordens expressas de oficiais do exército brasileiro para que os relatórios das Forças Armadas fossem queimados. Os relatórios continham informações detalhadas sobre os interrogatórios, as prisões e torturas ocorridas durante o regime militar no Brasil. “Em 1985 eu fui responsável pela queima de arquivos do DOI-CODI”, declarou Firmino. O DOI-CODI é o extinto Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna subordinado ao exército brasileiro. Nos anos 80, este órgão de inteligência e repressão passou a chamar-se Subseção de Operações.
Firmino relatou no depoimento que, nesta época, por ter contato com tantos documentos, começou a ler e se interessar sobre o assunto. Pesquisou sobre as torturas, mortes e os desaparecimentos. “Muitas coisas que li, me chocaram”, afirmou. Ele contou que grande parte dos documentos do exército foram perdidos. “De 1992 a 1995 houve uma verdadeira destruição dos documentos do DOI-CODI”, revelou. “No centro de inteligência do exército, muitos oficiais levaram documentos para seus arquivos pessoais, mas eu, como cabo, não podia fazer isso”, arrematou.
O ex-militar também falou sobre os motivos que levaram os militares a queimarem os relatórios. “Eles fizeram isso justamente para que a juventude de hoje não tenha acesso às barbaridades que ocorreram”, explicou.
Firmino contou também que sofreu quatro atentados, foi preso e torturado por dizer que entraria na justiça contra as Forças Armadas.

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