Amor?

Amor? é um filme baseado em depoimentos verídicos sobre relacionamentos marcados pela violência, interpretados por atrizes e atores. O filme consegue dar uma dimensão humana pras estatísticas disponíveis sobre violência contra as mulheres, coloca o ponto de vista de mulheres e homens, agredidas, agressores/as.

Não sei falar sobre o filme como os/as críticas de cinema fazem, então vou poupar vocês disso =)
Quero aproveitar o post pra duas coisas:
1 – Sugerir que vocês assistam ao filme, que é muito bom, ótimas interpretações, e o Lenine arrasou na música.
2 – E juntar aqui alguns trechos dos depoimentos (não exatamente iguais porque minha memória é ruim, ruim) e alguns dados sobre a violência contra as mulheres da pesquisa da Fundação Perseu Abramo “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”.
Aí, ao mesmo tempo que a gente vê o filme entrando na dimensão super-humana e individual que os depoimentos trazem, a gente pode refletir sobre os conteúdos trazidos pelos depoimentos fazendo relação com o alcance que essa violência tem na nossa sociedade. No Brasil, 5 mulheres são espancadas a cada 2 minutos. O marido ou namorado é responsável por 80% dos casos de violência.


Dependência
… e tem a dependência psicológica, a relação de poder. Quando ele passa a ter poder, vem o controle e a dominação”
De 40% de mulheres que afirmam ter sofrido algum tipo de violência, 23% sofreu violência psíquica/verbal
… eu gostava dele. naquela época eu achava que não ia conseguir viver sem ele…”
Das mulheres que já foram espancadas (10% das entrevistadas), 26% relatou que a situação de violência durou até um ano, 19% alguns anos, 11% entre 5 e 10 anos, 13% mais de 10 anos.
55% destas mulheres sofreu violência do ex-marido. 20% do atual.

Controle
… ele não queria que eu me divertisse.”
De 40% de mulheres que afirmam ter sofrido algum tipo de violência, 24% das mulheres afirmam ter sofrido controle/cerceamento, sendo que, destas:
ele ficava ligando: onde você tá? Com que você tá? Quer horas você volta?”
15% ficou sendo controlada aonde ia, 10% foi vigiada e perseguida;
… tive que ficar lá, até meia noite, sem TV”
7% foi impedida de sair, trancada em casa.
… aí eu me preparava pra chegar em casa mostrando que eu queria sexo. Porque aí eu tinha um final de semana mais tranquilo.”
9% das mulheres declaram que, na maior parte das vezes que transaram, tiveram relação “por obrigação”, “não sentiram nada”, ou avaliam que “foi um sofrimento”.

Agressões Físicas
…do meu pai, ela mereceu apanhar….”
6% dos homens consideram que uns tapas de vez em quando é necessário
2% dos homens concordam que tem mulher que só toma jeito apanhando bastante
… quando minhas filhas nasceram eu parei de agredir ela…. eu já fui agressivo com minha atual namorada…”
48% dos homens tem amigo ou conhecido que já bateu em mulher.
8% assume que já bateu em mulher, sendo que, destes, 43% bateu mais de uma vez, e 15% bateria de novo.
… aí eu larguei a faca”
De 40% de mulheres que afirmam ter sofrido algum tipo de violência, 24% sofreram violência física ou ameaça à integridade física.
Destas, 7% foram ameaçadas com facas.
10% foi espancada, ficando com marcas, cortes, etc.

Denúncias
… o pai dela chamou a polícia. Pra que chamar a polícia? A gente não pode conversar?”
35% das mulheres que já foram espancadas denunciaram.
84% das mulheres e 85% dos homens conhecem a Lei Maria da Penha.
… nunca mais eu ia deixar um homem tocar um dedo em mim. Nunca mais eu ia namorar um homem ciumento.”
31% das mulheres se consideram feministas.
O fato de ser feminista não nos torna automaticamente imunes de entrar em relações onde haja ciúme, posse e até violência. Mas o feminismo contribui para denunciar a violência contra as mulheres, estabelecer as ligações entre amor, ciúme, machismo, afirmar que nada justifica a violência, propor e construir uma sociedade de homens e mulheres livres e iguais, em que viver sem violência seja um direito garantido para todas.

Marcha Mundial das Mulheres, foto de Elaine Campos

Asssista o trailer do filme. E vá ao cinema!

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