Número de mulheres nos cursos preparatórios para concursos já supera o de homens

RIO - Assim como nas universidades e nas turmas de MBA, as mulheres já dominam as salas de aula de cursinhos preparatórios para concurso público. A constatação vale, inclusive, para os programas de ensino a distância. Segundo levantamentos feitos pela Academia do Concurso e pelo Concurso Virtual, de 2009 para cá, o percentual só tem crescido e o número de alunas já supera -- e muito - o de homens.
Só nos primeiros meses deste ano, segundo os números da Academia do Concurso, a presença das mulheres em salas de aula é de 53,2%, contra 46,8% de homens. Em 2010, o público feminino era de 50,9%, um pouco superior ao masculino (49,1%).
Quanto aos cursos virtuais, a tendência se repete. Analisando os dados referentes aos alunos matriculados no site Concurso Virtual, verifica-se que, em 2009, 54,52% dos alunos eram mulheres, enquanto 45,48% eram homens. No ano passado, o número de mulheres cresceu para 60,02%. O de homens, por sua vez, caiu para 39,98%. Em 2011, até o momento, o percentual feminino já chega a 62,67% e o de homens, a 37,33%. No Concurseiro Urbano, primeiro site de compras coletivas voltado para concurso público, cerca de 68% dos usuários são mulheres.
Na opinião de Paulo Estrella, da Academia do Concurso, o aumento da procura por preparatórios para concursos pela mulheres se dá pela percepção do acesso democrático ao emprego público e do fato de não haver preconceito de gênero na remuneração dos servidores.
- No mercado privado, as mulheres recebem salários substancialmente menores do que os dos homens para executar a mesma função. E esse tipo de preconceito não acontece no serviço público.
Outro fator determinante, aponta Estrella, seria a estabilidade no emprego e o horário de serviço mais regular, já que as mulheres quase sempre são sobrecarregadas pela jornada dupla de trabalho:
- Como a iniciativa privada fica cada vez mais agressiva, exigindo mais tempo do funcionário, maior volume de trabalho e de horas trabalhadas, a mulher que tem família acaba sendo vista como segunda opção, devido à maior disponibilidade dos homens.
Para Raphael Vianna, diretor do Concurso Virtual, é justamente devido à jornada dupla - trabalho e casa - que as mulheres começaram a procurar os cursos preparatórios on-line:
- Através das aulas via web, é possível se organizar melhor para estudar no tempo livre. Isso explica, em parte, o fato de o público feminino ser maioria nos cursos pela internet.
Estrella ressalta que a maioria das mulheres que se preparam para concursos públicos está na faixa etária de 31 a 40 anos de idade, período em que normalmente ela já se posicionou no mercado de trabalho, mas busca maior estabilidade.
- Isso reforça a teoria de que a busca não é pelo emprego e sim pelo conjunto de vantagens que o emprego público tem sobre a iniciativa privada.
Estrela acredita que esse movimento do sexo feminino em busca dos cursos preparatórios começa a dar resultados. Segundo ele, 53% dos aprovados no concurso do Ministério Público da União para o cargo de técnico administrativo são mulheres. Essa mesma tendência foi registrada na seleção para o cargo de analista administrativo do MP da União e na da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, onde 55,7% dos aprovados são do sexo feminino. Historicamente, nos anos anteriores, a maioria dos aprovados era de homens.
- A mulher acabou percebendo que esse mercado não é do homem e sim de qualquer pessoa que queira ter uma vaga no emprego público. O esforço é mútuo - diz Estrella.
Ele não vê muita diferença no comportamento de homens e mulheres em sala de aula ou na dedicação ao estudo - trata-se de algo pessoal, que não tem a ver com gênero. Na percepção de Vianna, por outro lado, as alunas, de maneira geral, são mais disciplinadas e acabam obtendo resultados mais rapidamente. Pode ser.

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