BM: Hospital só queria atender se consulta fosse paga

Hospital Santa Cruz dará posição oficial em reunião com a Secretaria de Saúde na manhã desta segunda-feira

Foto: Gazeta do Sul/ Jansle Appel Junior
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Momento em que o enfermeiro foi levado pelos policiais à DPPA
A Secretaria de Saúde de Santa Cruz do Sul, comandada pelo secretário Edison Rabuske, marcou uma reunião para a manhã desta segunda-feira, às 10 horas. O encontro será entre a direção do Hospital Santa Cruz em busca de maiores esclarecimentos sobre a morte de Júlio César Padilha, 23 anos, na noite de sexta-feira. A reunião foi agendada a partir do encontro emergencial que ocorreu ontem, 26, entre a prefeita Kelly Moraes, o secretário municipal de Saúde, Edison Rabuske (PT), e a direção do Hospital Santa Cruz, encabeçada por Oswaldo Balparda.

Em depoimento à Polícia Civil, a equipe da Brigada Militar chamada ao Pronto-Atendimento do HSC confirmou a versão do motorista da ambulância, Valdir Palhano Siqueira, de que a equipe médica se negava a atender a vítima pelo fato de ser de outra cidade.  Foi Siqueira quem acionou a BM. Segundo os PMs, mesmo após a chegada da guarnição o enfermeiro-chefe afirmou que o rapaz só seria atendido se alguém pagasse pela consulta. Padilha só teria sido levado para a sala de emergência do PA com a imprensa no local.

Questionado pelo delegado Márcio Niederauer Nunes, da DPPA, o enfermeiro negou que tivesse se manifestado sobre a necessidade de pagamento ou de apresentação de algum convênio para atendimento de pacientes de outros municípios. De acordo com ele, ainda em depoimento à Polícia Civil, para situações do tipo (pacientes vindos de outras cidades) é necessário um contato prévio, "informando que paciente é, a origem, qual é a situação dele e de que forma seria feito o ressarcimento das despesas médicas ao hospital". E que, nestes casos, o local de ingresso no HSC deve ocorrer pela portaria Convênios/Particular - na ocasião, segundo as testemunhas, o profissional ameaçou chamar o guincho para remover a ambulância da rampa do PA.

O enfermeiro ressaltou que o procedimento de atendimento é baseado em uma orientação da Secretaria Municipal de Saúde ao Hospital e que inclusive há um posto de atendimento da Prefeitura localizado no interior do HSC que serve para esta finalidade. Porém, reconheceu que o protocolo serve apenas para casos classificados como não emergenciais, do contrário não necessitando de autorização para iniciar o atendimento. Ele entende que a situação de Padilha era emergencial, mas que não houve omissão de socorro, "apenas a adoção do procedimento necessário e o uso do tempo foi para o entendimento do caso".

O suspeito tem 28 anos e é funcionário do HSC há dois, sendo que é enfermeiro há três anos. O profissional recebeu voz de prisão da Brigada Militar, inclusive sendo algemado, porque segundo os PMs ele teria se negado diante do pedido de acompanhamento até a delegacia, impondo resistência. À Polícia Civil o rapaz negou o fato, dizendo que apenas teria solicitado alguns minutos para informar a chefia direta e posicionar um substituto na sua ausência. Diz que estava colaborando e não esboçou resistência. A BM também conduziu o médico à DPPA, com a diferença de que ele teria concordado imediatamente com a condução, sem a necessidade de algemação.


ENTENDA O CASO

Júlio César Padilha, 23 anos, sofreu um acidente de moto na propriedade da família, em Herveiras, por volta das 18h45 desta sexta-feira, 25. Ele estava consciente e soluçava com sangue na garganta, além de apresentar um corte na cabeça. Padilha foi colocado pelo irmão dentro de um carro e levado até o posto de saúde, de onde a ambulância de plantão partiu com o jovem e a companheira dele, Roseli da Silva Alves, 19 anos, para Santa Cruz.

Como o caso era grave, o condutor optou por encaminhar o ferido direto para o Hospital Santa Cruz (HSC), onde haveria os recursos necessários. Ao chegar ao Pronto-Atendimento (PA) do hospital, o motorista estacionou o veículo na rampa de acesso das ambulâncias e, antes que pudesse descer a maca, ouviu do enfermeiro-chefe que Júlio não poderia ser atendido no PA por não ser morador.

A entrada no hospital só se daria via convênio, caso alguém assumisse os custos. Diante da intervenção da companheira, a equipe médica reafirmou que o PA não atenderia a vítima e ordenou que a ambulância fosse retirada da rampa, sob a ameaça de chamar um guincho. O veículo foi então estacionado na rua. A Brigada Militar foi chamada e tentou intervir pelo atendimento, que outra vez foi negado, desta vez pelo médico responsável, sob a mesma alegação de se tratar de paciente de outro município.

Segundo testemunhas, Júlio César Padilha agonizou durante cerca de meia hora dentro da ambulância que o trouxe até o HSC, em frente ao prédio do PA, até que morreu nos braços da namorada.

Confira matéria completa na edição deste segunda-feira, 28, do jornal Gazeta do Sul



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