“As redes sociais não farão a revolução. As pessoas que as usam sim”

Por Diângeli Soares

No último dia 06 de Julho, Caxias do Sul recebeu uma visitante especial: A blogueira e jornalista cubana Norelys Morales Aguilera, criadora do blog “Islamia” e promotora dos "Blogueros y Corresponsales de la Revolución", uma rede virtual criada em 2005 e que já conta com mais de mil membros, em pelo menos trinta países. “O Blogueros y Corresponsales de la Revolucióné um competidor do facebook” diz Norelys. “Não podemos esquecer que por trás das redes sociais está a ideologia. Nenhuma ferramenta é neutra”.

As duras críticas da blogueira ao Facebook são dirigidas à crescente simbiose entre a rede e a Casa Branca. Desde o sucesso de Chris Hughes, co-fundador do Facebook, nas eleições que elegeram Barack Obama em 2008, a aproximação entre os democratas e a marca só cresceu. Como era de se esperar, esta parceira tem explicação econômica: Um dos principais interesses do Facebook junto ao governo americano é conter o avanço de políticas contra a invasão de privacidade. As informações pessoais dos usuários do facebook são uma peça chave para o desenvolvimento de grandes ações publicitárias, uma vez que permitem o mapeamento de hábitos e preferências do público em geral. Em um mundo dominado pelo consumismo, em que a propaganda desempenha um papel central, o acesso a estas informações é, antes de tudo, uma questão de muito dinheiro. Daí o interesse da rede em parcerias junto ao poder.

Jantar de OBAMA com empresários da área da tecnologia. 
Outra crítica da cubana é em relação ao próprio conceito de “rede social”. Norelys afirma que as redes sociais não são invenção, tampouco propriedade dos mega empresários da Internet. “Rede Social” é qualquer instrumento que a agregue e congregue pessoas. E ainda que reconheça a potencialidade destas novas tecnologias, Norelys alerta contra ilusões: As redes sociais, por si só, não farão a Revolução, assim como os jornais e a televisão não a fizeram. Em outras palavras, a comunicação não substitui a organização. O trabalho militante, na vida real, é mais necessário do que nunca.

Yoani Sanches

Norelys não poupa críticas à sua compatriota, Yoani Sanches. Em seu blog, “Islamia”, estampa uma foto bem grande da contra-revolucionária com os dizeres: “Indigência intelectual. Made in USA”. Norelys afirma que Yoani é um exemplo de como o bloqueio midiático contra cuba é um bloqueio qualificado: As notas oficiais do governo cubano desmentindo acusações infundadas nunca passam pelo bloqueio da mídia internacional. Já as idéias de uma simples cidadã - entre milhões de outros simples cidadãos - são recebidas como verdades incontestes. É como se qualquer um de nós fosse eleito a “voz da razão” em nossos países. Pena que não aceitam as nossas criticas ao capitalismo com a mesma facilidade com que aceitam as críticas de Yoani ao socialismo cubano...

Acesso a internet em cuba

Perguntada quanto ao acesso à internet em Cuba, a blogueira conta que o país inteiro possui o equivalente a quatro cybercafés da cidade de São Paulo. Ou seja, o acesso é ínfimo. Entretanto, ao contrário do que muitos podem imaginar, o pouco acesso à internet no país não é fruto da política de segurança nacional do governo cubano e sim do bloqueio econômico imposto pelos EUA. Os EUA simplesmente não permitem que a tecnologia chegue à Cuba. “É como amarrar uma pedra no corpo de uma pessoa, jogá-la na piscina e depois dizer que ela morreu porque não sabia nadar. É isso que os americanos fazem conosco".

Entretanto, no que se refere a este assunto, Norelys finaliza com uma boa notícia: Uma pareceria selada entre cuba e governo da Venezuela permitirá, em breve, a expansão da banda larga no país. A expectativa para os próximos anos é de cada vez mais cubanos na rede. Tudo graças à solidariedade bolivariana.

Um comentário:

  1. a bem da verdade a blogueira não parece conhecer o que é verdadeiramente uma rede social nem sua função ao fazer tais afirmações.
    comete um erro crasso afirmar que:
    ''redes sociais não são invenção, tampouco propriedade dos mega empresários da Internet''

    redes sociais não passam de meras plataformas digitais,onde os usuários são os geradores de seu conteúdo.
    Quando pinta um monstro yanke escondido atrás das redes a blogueira mostra uma visão quase inocente da coisa

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