Sim, nós podemos. Aos poucos, mas sim.


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Vôlei Futuro ganha e dá lição contra o preconceito
Na vitória por 3 a 2 sobre o Cruzeiro, torcida apoia o meio de rede Michael, emociona e dá força ao time de Araçatuba
O adversário do Sesi na final da Superliga Masculina de Vôlei será conhecido apenas na sexta-feira, em Contagem-MG, data do terceiro jogo entre Vôlei Futuro e Cruzeiro. Ontem, em Araçatuba, a equipe paulista superou toda a polêmica da semana - troca de acusações com os mineiros por conta da homofobia de que foi vítima o meio de rede Michael - e ganhou o confronto por 3 sets a 2 (19/25, 25/17, 21/25, 25/22 e 18/16). Mais do que o resultado, valeu a lição contra o preconceito dada por torcida, dirigentes e jogadores do Vôlei Futuro.
Na primeira partida da série semifinal, em Minas, há uma semana, o Vôlei Futuro protestou contra a discriminação dos torcedores locais contra o meio de rede Michael, ofendido com palavras como "bicha" e "gay".
Ontem, Araçatuba fez bela festa e mandou o recado ao País. Cinco mil bisnagas cor de rosa - o famoso bate-bate, para fazer barulho e atrapalhar o adversário -, com o nome de Michael, foram distribuídas entre os torcedores. Camisas reforçaram a mensagem contra a homofobia. Na frente, os dizeres "preconceito é a pior violência" e atrás, "preconceito, não."
Um bandeirão também reprovou a atitude machista e ignorante de alguns cruzeirenses. "Vôlei Futuro contra o preconceito." O líbero Mário Jr. jogou com camisa listrada, com as cores do arco-íris, que representa o movimento LGBT.
Michael, alvo da polêmica, parecia feliz com tanto apoio. Ainda no aquecimento, ele esbanjava um belo sorriso, que no fim da partida caracterizaria sua vitória particular e a da equipe.
"Não imaginei que a repercussão de minha atitude seria tão grande. Só queria mostrar minha indignação"", disse o meio de rede após a vitória. "Fiquei assustado com a repercussão, mas também feliz, porque as pessoas estão preocupadas. A bandeira contra qualquer forma de preconceito foi muito bem levantada.""
Bom exemplo. A torcida deu show. Em vez de partir para a revanche e ofender os rivais, preferiu apoiar seus ídolos. Cantava forte o nome de cada um de seus jogadores e soltava a voz, com maior euforia, a cada lance de Michael. "Michael, Michael", gritavam os mais de dois mil presentes, na hora dos potentes saques do jogador.
Apesar do apoio, o time de Araçatuba mostrou-se bastante nervoso no primeiro set da partida e acabou superado, por 25/19. Nervos no lugar e o empate veio na série seguinte, com 25/17. Na busca pela quarta vitória em quatro jogos contra os paulistas, os cruzeirenses fizeram 25 a 21 no terceiro set. Mas o dia era do Vôlei Futuro, que virou ao fazer 25/22 e 18/16 nos dois últimos sets.
DIA DECISIVO
3ª partida da semifinal entre Cruzeiro e Vôlei Futuro acontece sexta-feira, em Contagem. Quem ganhar faz a decisão com o Sesi.
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[Video com a manifestação da torcida. Vale a pena assistir, achei legal demais. Parabéns ao Michael, à equipe que mudou as camisas para esse jogo, à torcida que deu uma mostra exemplar de como se deve lidar com o preconceito. Qualquer um. Inclusive o preconceito de que os esportes são um segmento intolerante.]
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Com "festa rosa", Vôlei Futuro vence Cruzeiro e exalta MichaelTorcida apoio o jogador que foi vítima de ofensas na última semana e assumiu ser homossexual


 Foto: Divulgação/CBV
Torcedores do Vôlei Futuro fizeram questão de apoiar o jogador Michael, em Araçatuba
Em um jogo que ficou marcado pelas manifestações de apoio ao meia de rede Michael, o Vôlei Futuro venceu o Cruzeiro por 3 sets a 2, neste sábado, em Araçatuba. Nas arquibancadas, os torcedores da equipe se vestiram de rosa e abriram uma faixa em homenagem ao jogador, que foi vítima de homofobia no dia 1 de abril, em Contagem.
 Foto: Divulgação/CBV Ampliar
Michael comemora um ponto do Vôlei Futuro em Araçatuba
Michael foi chamado de gay, viado e bicha pela torcida do Cruzeiro, na semana passada. Após o episódio, ele assumiu ser homossexual. Na última segunda-feira, o Vôlei Futuro divulgou uma nota oficial com inúmeras acusações à recepção dada pelo Sada/Cruzeiro.
Em Araçatuba, o caso repercutiu e Michael recebeu o apoio da torcida do Vôlei Futuro. A torcida gritou pelo nome de Michael e estendeu faixas com arco-íris, símbolo do movimento gay. Em quadra, o colega de equipe Mário Júnior usou camisa colorida com os dizeres Vôlei Futuro contra o preconceito.
“Nunca tinha visto nada igual”
A manifestação de carinho que recebeu da sua torcida, no ginásio de Araçatuba, surpreendeu Michael. Em duvulgação via assessoria de imprensa, o jogador declarou: “Antes do jogo sabia que teria alguma coisa, mas eu não imaginava o que seria. Antes de entrar em quadra vi a camisa do Mário Junior e achei muito criativa, mas quando a equipe entrou no ginásio e vi aquele povo todo com os ‘bate-bate’ com meu nome, com aquela mega bandeira... fiquei emocionado, foi um gesto muito carinhoso”, agradeceu o jogador.
Michael também falou sobre a repercussão do caso. “A bandeira foi levantada, não que tenhamos que esquecer o que ocorreu, espero que não tenham outros casos como esse, mas agora acabou. É momento de deixar isso de lado e focar apenas no jogo de sexta-feira que pode nos levar à final da Superliga”, acrescentou o central da equipe de Araçatuba.
Michael até jogou bem, mas não foi tão decisivo na partida. O jogo se baseava no duelo entre os levantadores Ricardinho, do Vôlei Futuro, e William, do Cruzeiro. No ataque, Vissotto e Wallace travaram batalha para ver quem era mais decisivo. E no final, o último ponto veio das mãos do cubano Camejo, em um potente saque.
A vitória iguala a disputa da semifinal e força o terceiro jogo na próxima sexta-feira, às 20h30m. A partida que vale vaga na decisão será no ginásio de Contagem, onde Michael foi xingado pela torcida rival.
 Foto: Divulgação/CBV
Mário Júnior usou camisa colorida e com os dizeres Vôlei Futuro contra o preconceito

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