Choveu muito, mas isso não impediu que mais de duas mil feministas ocupassem as ruas do centro de São Paulo neste sábado para celebrar o Dia Internacional de Luta das Mulheres. Como este ano o 8 de março caiu em pleno carnaval, o tradicional ato foi transferido para o dia 12. Reconhecendo os avanços conquistados pela luta das mulheres, as feministas afirmaram que ainda é preciso avançar muito para mudar a vida das mulheres e garantir igualdade de fato.
“Estamos em luta diária contra a violência sexista, pela descriminalização e legalização do aborto, valorização do nosso trabalho, educação de qualidade para todos e solidárias às lutas anti-capitalistas travadas no Brasil e no mundo”, afirmaram as organizações que convocaram o ato. O PSOL e o Mandato do Deputado Federal Ivan Valente estiveram presentes com uma grande e animada delegação. Além da capital, participaram militantes da Grande São Paulo, de Campinas, Baixada Santista e Vale do Paraíba.
“Mas para avançarmos é preciso autonomia do movimento feminista e coerência política. A eleição da primeira mulher para a Presidência da República foi importante, mas os cortes anunciados neste início de gestão pela Presidenta mostram que ainda está na ordem do dia a luta pela sobrevivência das mulheres. Basta olharmos para o aumento irrisório que foi dado ao salário mínimo. E hoje 53% das pessoas que recebem salário mínimo são mulheres. Ou seja, não basta ser mulher para combater o machismo e o capitalismo”, afirmou Laura Cymbalista, da Secretaria de Mulheres do PSOL.
“Defendemos a autonomia do movimento e a autonomia das mulheres. Não temos vergonha de falar em qualquer lugar e em qualquer momento que lutamos pela legalização do aborto. E precisamos reconhecer que elegemos a primeira mulher para a Presidência da República numa eleição conservadora, que representou um retrocesso no debate público sobre o aborto, diante de uma ofensiva conservadora das igrejas na política”, acrescentou.
A gestão Kassab na Prefeitura de São Paulo também foi alvo de crítica das mulheres. O local de concentração do ato, na Praça Roosevelt, em frente ao CIM – Centro Informação Mulher, simbolizou o repúdio do movimento ao despejo da organização feminista responsável pelo maior acervo da história da luta das mulheres na América Latina. Elas também lembraram das manifestações contra o aumento da passagem de ônibus, que afeta diretamente as mulheres; do déficit de vagas em creches e na educação infantil de São Paulo; e do crescimento da intolerância e do conservadorismo, com manifestações de violência contra lésbicas, homossexuais e transexuais na cidade.
“Foi importante vermos este ano um ato maior do que nos anteriores. Estamos juntas na luta contra o machismo e a opressão, que é o que nos unifica. Afinal, nada causa mais horror à ordem do que mulheres que sonham e lutam”, disse Roberta Costa, diretora de Mulheres da União Nacional dos Estudantes.
Sobre o 8 de Março
Em 1910, a alemã Clara Zetkin propôs, na 2a Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, a criação do Dia Internacional da Mulher, celebrado inicialmente em datas diferentes, de acordo com o calendário de lutas de cada país. A ação das operárias russas no dia 8 de março de 1917 é a razão mais provável para a fixação desta data como o Dia Internacional da Mulher. Com a revolução, muitos direitos foram conquistados, como o voto, a elegibilidade feminina e o direito ao aborto. Em 1922, a celebração internacional foi oficializada e o 8 de Março se transformou na data símbolo da participação das mulheres para transformarem sua condição e a sociedade como um todo.
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