Milhares de megafones


Em Wall Street, uma “nova espécie de peixe” que incomoda as autoridades
04//11/2011
 Eduardo Sales de Lima
da Redação  
Ocupando Wall Street: compreensão da injustiça e um
desejo de lutar contra o sistema - Foto: Todd Blaisdell/CC
A voz como um megafone. Em Nova York, para se usar um megafone ou marchar na rua, é preciso a permissão da polícia. Há relatos, porém, de que os manifestantes não estão pedindo autorização para a liberação desses instrumentos. Isso leva a um fenômeno interessante de encontros de massa no qual um “alto-falante”, uma pessoa, diz uma frase e as pessoas perto dele gritam em uníssono para a multidão. Se a multidão é grande, um segundo círculo de pessoas repete.
Segundo o professor do departamento de sociologia do Hunter College, Jack Hammond, o apoio a esse movimento cresceu e se espalhou, o que tem exigido um confronto violento com a polícia para desalojar os manifestantes. “Mesmo que certa violência aliene uma parte da população, aumenta o apoio aos protestos”, afirma.
Cozinhando o peixe
No geral, as manifestações têm sido pacíficas. Em algumas, porém, os policiais as têm tornado violentas, como uma em que 700 pessoas foram “encurraladas” na Ponte do Brooklyn.
Jack Hammond participou de dois protestos. Um deles ocorreu para questionar a brutalidade policial – com o uso de spray de pimenta – contra uma manifestação anterior. O outro foi a grande marcha do dia 12 de outubro. “Eu pensei que eu não pudesse ir porque eu tinha que lecionar, mas meus alunos me enviaram mensagens eletrônicas no dia anterior pedindo para adiar a aula. Então, nós fomos”, conta.
Para Michael Johnson, do SolidarityNYC, as “autoridades”, entre as quais a polícia faz parte, ainda não lançaram mão de uma ação “maior” para calar o OWS. “Outros podem discordar de mim por eu ter um ponto de vista especial sobre isso. Eu estava envolvido na greve estudantil na Universidade de Columbia em maio de 1968. A polícia desmantelou violentamente toda a ação em cerca de 12 horas. Nada disso está ocorrendo no OWS. Creio que essa ocupação é uma nova espécie de peixe para as autoridades, e eles estão tentando cozinhá- lo”, destaca.  

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