A auto-determinação das mulheres


Por Patricia R
Bem, acho que devemos colocar um olhar um pouco além das aparências. (sobre o post Sexo só depois do casamento") Então, nós tivemos uma grande revolução sexual, de comportamentos, a partir dos anos 60, principalmente. De certa forma, uma grande resposta a anos de repressão, basicamente para a mulher.
Essa mulher parte, então, para a sociedade masculina, munida de pílulas que evitam gravidez, achando que são donas de seus corpos, de suas vidas.  Acreditando em possível igualdade com os homens. Só que o tempo mostrou, e mostra ainda, que a suposta "liberdade" nada mais era do que uma nova forma de dominação. E hoje, mais do que nunca, os corpos das mulheres continuam sendo moldados e dominados. Começam em revistas de moda, novelas, filmes e acabam e mesas de cirurgia plástica. Nem sempre com um final feliz.
Essa mulher, hoje, faz jornada tripla ou maior. Ela tem de se sustentar sozinha, sustentar os filhos, os netos. Vai para um mercado de trabalho ganhando menos, vive pior do que suas mães. Ela é discriminada mesmo por outras mulheres Se não possuem "um homem", "um relacionamento". Mulheres solteiras são vistas como "ameaças" por suas iguais casadas ou em um relacionamento estável...
Nisso tudo merece também o destaque de que não há lugar no mundo, cidade, país ,seguro para uma mulher. A violência nos espreita, é silenciosa. Está dentro de nossas casas, está no menor passo à rua. Ser mulher no mundo é perigoso, muito perigoso.
E no sexo, tema do artigo, somos as que recebem, as que absorvem. Muitas não têm consciência disso e, movidas por modismo, ou por um desejo de não a ser a "sem parceiro", sabe-se lá, deixam-se levar por qualquer relacionamento. E depois, sentem-se usadas e sem perspectivas.
Nada mais natural, então, do que um retorno ao passado, do que idealizar um tempo que não necessáriamente foi bom, pois se em seu todo o fosse, não teria sido derrubado. Infelizmente, para mim, parece mais uma fuga inconsciente. Nós mulheres precisamos tomar posse de nossas vidas e nossos corpos. Precisamos nos unir e não nos vermos como inimigas competidoras. Como já disse, a corda sempre arrebentará do nosso lado. Independente da localização geográfica ou posição social. Mas, como no momento posterior à revolução sexual, parece que não percebemos as várias estruturas de dominação a que somos submetidas. Acreditar cegamente que  se guardar para um parceiro apenas garantirá que não sofreremos as consequências desse mundo de relacionamentos vazios de hoje pode ser outro erro, adiando, com isso, o encontro necessário que temos de fazer como nossa história, como mulheres, no mundo.
Tudo o que disse, quero deixar claro, não é uma crítica a quem opta por esse caminho. Há um  aspecto positivo que pode ser o despertar para o fato de que um relacionamento é algo além, muito mais complexo que apenas sexo. Mas também colocar apenas nisso, evitando-o, não é o que se precisa hoje.
Nossa verdadeira liberdade, acho, é algo que muito distante de extremos e radicalismos. É algo muito próximo da solidariedade, da compaixão e do humanismo. E infelizmente, parece que estamos perdendo isso dia após dia.

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