Porto Alegre: um SUS injusto e ineficiente
O município de Porto Alegre conta, hoje, com parcos 21% de cobertura populacional pelas Equipes de Saúde da Família. São 101 Equipes, onde deveriam ser 286 para atingir uma cobertura de 80% da população. Ou seja, são beneficiados pelo programa, apenas 260 mil habitantes, de um total de 01 milhão e 360 mil moradores da capital.
Poderia ser diferente? O município tem recurso para isso? Eu afirmo que sim. E que a expansão do Saúde da Família, só não acontece porque não é prioridade desse governo. Como não era do anterior. Senão vejamos: o orçamento da Secretaria da Saúde de Porto Alegre, conta com R$ 43 milhões de reais para investimento. Sabem quanto desse valor a prefeitura executou? R$ 5 milhões. Portanto, em pleno dezembro, final de exercício, restam R$ 37 milhões para investir. Com esse dinheiro, podem ser construídos e mantidos mais 102 Equipes de Saúde da Família. O município atingiria o percentual de 40% de cobertura populacional. Com mais um esforço de conversão das atuais unidades de atenção básica tradicionais, que poderiam ser “convertidas” em PSF, com a ajuda do Ministério da Saúde, poderíamos alcançar um patamar razoável, para bem perto de uns 60 a 70% de cobertura pela Estratégia Saúde da Família.
Porque estou dizendo isso tudo? Pelo simples fato de que, na condição de cidadão e de vereador suplente em Porto Alegre, quero manifestar minha mais profunda contrariedade com relação ao envio da proposta de criação do “Instituto Privado de Saúde da Família”. pelo governo atual.
Estamos cansados de saber que o problema da saúde de Porto Alegre não é “apenas” a baixa cobertura pelas Equipes de Saúde da Família. Esse é um problema dramático, que empurra a maioria da população para as emergências hospitalares. O problema é que as outras estruturas da Secretaria da Saúde também sofrem de uma enorme insuficiência de pessoal, pelos baixos salários, por baixa adesão aos programas, por áreas físicas deterioradas, pelo uso de equipamentos obsoletos e precários, pela demora no atendimento, pelas filas, que se constituem em uma verdadeira chaga do sistema.
Nessas circunstâncias, qual a solução que o governo apresenta para resolver um problema dessa complexidade. O “Instituto Privado de Saúde da Família”. Que se insere na linha da “modernização” da gestão. Não resolve nenhum dos graves problemas da estrutura da Secretaria e cria outro, ao propor uma saída privada para um problema público. Apenas para reafirmar, essa proposta não conta com o apoio de nenhuma das entidades que atuam na área da saúde (Conselho Municipal de Saúde, sindicato Médico, Sindicato dos Enfermeiros, Associação dos Usuários,etc.)
Lucio Barcelos – Médico Sanitarista – Vereador Suplente pelo PSOL em Porto Alegre, Dezembro de 2010. (em resposta ao artigo do Secretário Municipal de Saúde de Porto Alegre, publicado na Zero Hora no dia 10/12/2010)
Fonte: Blog do Lúcio Barcelos
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