Londres vai às ruas!


"Marcha pela alternativa: empregos, crescimento e justiça"










Mais de 500 mil manifestantes tomaram hoje as ruas de Londres em uma grande marcha contra os cortes orçamentais anunciados pelo governo britânico. A chamada "March for the Alternative: Jobs, Growth Justice" foi organizada pela Trade Union Congress (TUC), maior central sindical do Reino Unido, o protesto reuniu os mais diferentes setores da sociedade e contou com a presença de manifestantes de todo o país. Com uma grande adesão da população e turbinada pela impressionante participação da juventude e de grupos como o UK Uncut, os protestos surpreenderam até mesmo alguns integrantes da TUC, que esperavam pouco mais de 100 mil participantes.

Apesar do objetivo principal de protestar contra os cortes de recursos (e de empregos) proposto pelo governo conservador de David Cameron, e da forte presença da UNISON (espécie de sindicato dos servidores públicos), o protesto teve também forte inclinação anticapitalista, com ocupações de pelo menos uma dúzia de lojas (como a Fortnum and Masons), ataque à importantes símbolos do consumo de luxo (como a Porsche, o Ritz Hotel) e bancos (como o Santander). As declarações dos participantes, principalmente os mais jovens, mostravam também o importante papel de formação política desempenhado pelos protestos:
"Nós estamos no Oxford Circus no momento e é realmente um excelente clima festivo. Eu acabei de falar com dois jovens de 17 e 19 anos e eles disseram que o que ouviram aqui os fez pensar mais do que qualquer coisa que aprenderam na escola. É primeira manifestação da qual participam, e disseram que resolveram vir porque perceberam que isso não se trata apenas do Reino Unido. Eles conseguem entender a conexão entre as lojas e bancos contra os quais as pessoas estão protestando e a situação mundial que afeta a todos"
Tudo isso coloca ainda mais pressão sobre a coalizão de conservadores e liberal-democratas, no poder desde meados de 2010. Eleitos com a promessa de tirar o país da recessão econômica com medidas de austeridade financeira, eles têm obtido tão pouco (ou ainda menos) sucesso quanto os trabalhistas, que chegaram a injetar centenas de bilhões de libras na economia em apenas poucos dias para evitar o colapso do sistema financeiro. Além da persistência dos altos níveis de desemprego e do lento (ou negativo) ritmo de crescimento econômico, o plano de zerar o déficit do orçamento com cortes em importantes programas sociais tem sido bastante impopular.

A verdade é que há pouca alternativa para o governo britânico - as velhas soluções estritamente econômicas estão quase esgotadas. Nem o governo consegue mais sustentar o enorme e desastroso déficit fiscal que manteve a economia girando desde a Segunda Guerra Mundial, nem a fragilizada e decadente economia do Reino Unido consegue aguentar a ainda mais desastrosa e ultrapassada solução do arrocho fiscal. A solução só pode vir da política (mas obviamente não do Congresso) e para isso é importante que manifestações como essa continuem a questionar esse modelo de "desenvolvimento", de produção, de trabalho e de consumo.

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